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Diversão e aprendizado: levando as crianças a um museu

Incentivar e desenvolver a cultura desde cedo é uma das maiores heranças que os pais podem deixar para uma criança. Programações culturais, tais como idas a museus e sessões de filmes com temáticas de história, além de agregarem conhecimento e contribuírem com a formação da criança, podem até auxiliar nas tarefas escolares.

O programa Educar para Crescer, iniciativa da Editora Abril com o apoio do Instituto Unibanco, dão algumas dicas de como divertir as crianças nesse tipo de programa:

  • Pesquise sobre a exposição antes de visitá-la. Saber o que vocês vão encontrar pode ajudar a conversar sobre as obras;
  • Procure museus com atrações interativas. Recursos multimídia, por exemplo, prendem mais a atenção das crianças; (nota da equipe de redação Xalingo: as exposições de arte contemporânea costumam ter os mais variados – e divertidos – tipos de interação)
  • Conversem antes da exposição. Pergunte a seu filho o que ele acha que vai encontrar, como ele imagina os artistas e suas obras…;
  • Fique atento aos recursos pedagógicos oferecidos pelos museus. Muitas instituições elaboram material para as crianças;
  • Participe de visitas guiadas. Monitores costumam fazer atividades que facilitam o entendimento, como músicas, filmes e jogos;
  • Incentive o prazer de estar diante de uma obra de arte. Isso é muito mais importante do que qualquer detalhe técnico da exposição.

Além disso, é muito importante que se tenha bom senso em relação à idade da criança para levá-la a cada programa. Para isso, valem as mesmas dicas que demos sobre o cinema aqui.

Conferidas as dicas, divirta-se e aproveite esse momento de arte e cultura com os seus pequenos!

Como potencializar o que a escola ensina

Independente da idade, se o seu filho já está na escola, é hora de você ajudar no processo educativo. Todos os pais se empenham em preparar seu pequeno para ser um adulto melhor, mas é realmente importante que pais e escola trabalhem na mesma linha. Assim, a criança não se confunde entre o que é certo e errado!

Para não atrapalhar o que a escola está fazendo, que tal também estabelecer uma rotina em casa? Se você observar, a escola mantém uma ordem de atividades e você pode fazer o mesmo em casa, tendo um horário regular para o banho, alimentação e hora de dormir. Também é importante incentivar as conquistas. Se na escola seu filho não usa mais bico ou fraldas, por que precisa usar em casa? Dispense esses itens também! E trate seu filho de igual para igual, sem infantilizações ou diminutivos.

É importante reservar tempo e espaço para que seu filho desenvolva as habilidades que são trabalhadas em sala de aula. Não sabe como? Comece dando brinquedos adequados à idade dele e mantendo um lugar específico da casa para que ele brinque, faça desenhos e se divirta. E que tal pedir para ele lhe ensinar as músicas que aprende na escola? Estimulando desta forma e oferecendo apoio nas lições, mas sem fazer as atividades por ele. A professora precisa saber que ele teve dificuldades, para trabalhar com isso em sala de aula.

Não esqueça de acompanhar o dia a dia: olhe o caderno, acompanhe a agenda e converse com seu filho, pedindo que ele conte o que fez na escola. Não faça interrogatório! Para incentivar essa parceria, troque de posição: conte a ele como foi seu dia, recorde seus tempos de escola, mostra para ele que, mesmo em idades diferentes, vocês pertencem ao mesmo mundo!

Como a relação escola-casa é uma via de mão dupla, não esqueça de compartilhar. Use a agenda para falar sobre seu filho, caso ele não passe bem a noite, tenha pesadelos, algum mal-estar… Outros acontecimentos que podem afetar o humor ou o desempenho da criança devem ser informados à professora pessoalmente, de forma discreta e em separado das crianças.

Melhores leituras ajudam crianças a gostarem de livros

Com a expansão da internet e do acesso facilitado à informação, muitos pais têm se perguntado: “meus filhos não terão livros?”. O hábito da leitura deve ser incentivado pelos pais, desde cedo. Claro que é preciso permitir que os pequenos curtam as novas tecnologias, mas incentivá-las a ler livros (que desde a invenção do e-book não precisam necessariamente estar em papel) colabora com o desenvolvimento da criatividade, da concentração e ajuda a ampliar o vocabulário dos pequenos.

Veja, agora, algumas dicas da revista Época para garantir aos pequenos os melhores livros:

1. Vá além da indicação por idade – essa indicação é apenas uma orientação. Talvez seu filho de dois anos se divirta mais com um livro para crianças menores ou até com livros para crianças de quatro anos. Não há um padrão exato, tudo depende da curiosidade e dos objetivos do futuro leitor;

2. Pense no perfil de seu leitor – há crianças que curtem poesias, enquanto outras adoram ficar com medo de vampiros e lobos; e há ainda as que querem muita aventura. Conhecer as preferências literárias dos seus pequenos ajuda a criar bons hábitos de leitura;

3. Lembre-se dos livros de que você gostava quando era criança – aqueles clássicos que encantaram você na infância podem fazer sucesso novamente com seus filhos. Obras como O Menino Maluquinho, de Ziraldo, ou ainda os clássicos contos de fadas, serão atuais para sempre! Além de contar a história, que tal relatar para as crianças qual a sua experiência com essas leituras?

4. Converse com outros pais e outras crianças sobre os lançamentos – é sempre interessante ficar por dentro das novidades. Além de outros pais e crianças, os vendedores das livrarias também são boas fontes de informação. O boca a boca funciona sempre!

5. Estimule a diversidade de estilos – é importante que as crianças tenham acesso a diferentes estilos literários. Não é porque você gosta de contos clássicos que seus filhos também gostarão. Troque de estilos: dos clássicos, passe para os modernos, dê uma olhada em poesia, livros de imagens, quadrinhos… Essa exploração dos gêneros também ajuda na formação dos novos leitores.

(Fonte: Revista Época)

Você conhece os direitos das crianças?

Desde 20 de novembro de 1959, a Organização das Nações Unidas (ONU) defende uma lista de dez itens que são considerados essenciais para o crescimento sadio e correto das crianças. Esta lista é conhecida como Declaração dos Direitos da Criança e define um padrão a ser seguido em todo o mundo.

Conheça e faça a sua parte:

1º – Toda criança, sem exceção, sem distinção ou discriminação de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer outra condição, quer sua ou de sua família, terão os direitos abaixo assegurados;

2º – A criança gozará proteção especial e deverá ser feito tudo o que for possível para que seu desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social seja atingido de forma sadia e normal e em condições de liberdade e dignidade;

3º – Desde o nascimento, toda criança terá direito a um nome e a uma nacionalidade;

4º – Toda criança tem direito a crescer e criar-se com saúde, com acesso a alimentação, habitação, recreação e assistência médica adequadas;

5º – À criança incapacitada física, mental ou socialmente serão proporcionados o tratamento, a educação e os cuidados especiais a que necessita;

6º – Para o desenvolvimento completo e harmonioso de sua personalidade, a criança precisa de amor e compreensão;

7º – A criança terá direito a receber educação, que será gratuita pelo menos no grau primário. E também a oportunidade de brincar e divertir-se;

8º – A criança estará sempre entre os primeiros a receber proteção e socorro;

9º – A criança não pode trabalhar antes de completar 16 anos e não pode ser explorada;

10º – A criança tem proteção total contra atos que possam suscitar discriminação racial, religiosa ou de qualquer outra natureza.

Dedique o dia de hoje às crianças

Hoje, 12 de outubro, comemora-se no Brasil o Dia da Criança, assim como da padroeira Nossa Senhora Aparecida. Como é feriado nacional e tanto pais quanto crianças terão o dia inteiro livre em casa, que tal programar algumas atividades com os pequenos. Dedicar este dia especial a eles pode ser um presente tão bom quanto aquele jogo de videogame.

Este dia de família pode começar com um café da manhã especial. Afinal, hoje todos têm tempo de sobra para sentar, conversar e comer em família. Aproveite e pergunte: como está a escola, quem são os grandes amiguinhos, se a professora é legal… É muito importante conhecer o que seu filho pensa e sente, pois estas informações ajudarão você a formar um adulto melhor!

A hora do almoço também pode ser uma festa. Escolha uma receita fácil de fazer e chame as crianças para serem os mestres-cuca do dia. Auxilie, ensine, troque idéias e experiências sobre os sabores. Aproveite para apresentar alimentos novos aos pequenos, assim como novas formas de ver a alimentação. Já durante a tarde, vocês podem fazer um passeio. Parque, pracinhas ou um cinema são opções divertidas. Confira no seu orçamento o que fica melhor e aproveite o dia para se divertir!

E para fechar o dia com chave de ouro, que tal contar uma historinha diferente antes de dormir? Ao invés de um conto de fada, conte uma história real: a sua. Porque muito do seu passado pode ser claro e simples para você, mas não é para os pequenos. As crianças de hoje vivem em um mundo onde a internet faz parte do dia a dia, a maioria das casas está adquirindo computadores… Tudo é tecnológico, mas nem sempre foi assim. Que tal contar do tempo em que trabalhos escolares eram feitos à mão – ou no máximo datilografados – depois de uma árdua pesquisa na biblioteca da escola. Google? Celular? Notebook? Tablet? Nada disso existia e todos faziam as mesmas coisas! Conte, mostre fotos, até pesquise imagens na internet. Vale a pena mostrar aos pequenos como o mundo evoluiu!

Promoção Post Premiado – #Ganhador 5

E nesta semana, quem conta a história ganhadora da promoção Post Premiado é o papai Bernardo Guedes. Com muito orgulho, ele relata a experiência da sua pequena Isadora, de seis anos, que realizou o sonho de toda menina: ser uma princesa, com coroa e tudo o mais! Eles levam, para casa, o Jogação Sapos Come-Come (Ref. 0310.9)!

E você, que história tem para contar? Qual imagem que marcou a sua relação com seus filhos? Escolha uma (ou mais) foto e conte a história! Mande pra nós e fique na torcida: você pode ser o próximo ganhador!

Miss ‘Dedinho’

No ano passado, minha filha Isadora, de 6 anos, foi participar do concurso de ‘Mini Miss Rio Grande do Sul’, que acontece em Torres (RS). Muitos preparativos foram feitos para tal evento: vestido, sapato e ensaios para o show de talentos e o desfile. Ela estava adorando tudo isso, afinal as meninas nesta idade sonham em ter uma coroa de princesa!

Porém, no ensaio geral, Isadora fugiu e foi para a academia do hotel, com a intenção de ficar forte para o concurso. Um dos pesos acertou o dedinho da Isadora e foi um “Deus nos Acuda” no hotel, todo mundo correndo para o hospital. Chegando lá, foram feitos os procedimentos e o dedinho da mocinha foi enfaixado.

Ao voltar para o quarto, eu disse que agora ela ia descansar e dormir. Porém, ao olhar para o lado, estava Isadora vestida com sua roupa de balé e segurando sua boneca, dizendo:

– Sabe pai, eu só machuquei meu dedinho. Ainda consigo dançar e desfilar com as minhas pernas. Quero muito ganhar aquela coroa. Me leva lá pra junto das minhas amigas!

E foi o que eu fiz!

Isadora dançou, desfilou e conquistou todo o público e jurados com sua garra e força de vontade. No final do concurso, ganhou a faixa de ‘Miss Simpatia do Rio Grande do Sul’ e ficou conhecida como a ‘Miss Dedinho’!

Todos com a mão na massa

Com a chegada da primavera, que tal aproveitar os dias mais quentes e longos para fazer uma atividade na rua. Um piquenique, talvez? O passeio será ainda mais divertido se toda a família participar dos preparativos, colocando a mão na massa na hora de preparar lanches simples mas muito saborosos! Confira algumas receitas que sugerimos para este momento especial em família!

Bolo fofura de maçã

Ingredientes
– Manteiga ou margarina para untar
– 1 colher (sopa) de açúcar mascavo para polvilhar a forma

Massa
– 3 ovos
– ½ xícara (chá) de manteiga ou margarina sem sal
– ¾ de xícara (chá) de leite
– 1 e ½ xícara (chá) de açúcar mascavo
– 2 xícaras (chá) de farinha de trigo
– 1 colher (chá) de canela em pó
– 2 maçãs médias descascadas e picadas
– ½ colher (sopa) de fermento químico em pó

Cobertura
– 1 colher (chá) de canela em pó misturada com 2 colheres (sopa) de açúcar mascavo para polvilhar

Preparo:
Unte uma forma própria para micro-ondas com manteiga ou margarina sem sal. Polvilhe com o açúcar. Reserve. Em uma tigela, misture com uma colher de pau os ingredientes da massa até que fique bem lisa. Passe para a forma reservada e leve ao micro-ondas na potência alta por dez minutos. Retire do forno e deixe descansar por dez minutos. Desenforme e polvilhe com a mistura de açúcar e canela. Sirva morno ou frio.

Pizza enroladinha

Ingredientes:
Massa
1 envelope (10 g) de fermento seco
1/2 colher (chá) de açúcar
2/3 de xícara de leite morno
2 xícaras de farinha de trigo
1/4 de colher (chá) de sal
1 ovo batido
50 g de manteiga
Recheio
1/2 xícara de molho de tomate
1 xícara de muçarela ralada
Opcional
Azeitonas
Champignon
Orégano, tomilho ou manjericão
Salsicha
Presunto

Preparo:
Misture o fermento, o açúcar e o leite morno e deixe descansar por 5 minutos. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Depois, em uma outra tigela, misture a farinha e o sal, acrescente o ovo batido e a manteiga. Misture bem. Junte o que tinha ficado descansando e mexa até ficar homogêneo. Coloque a massa em uma superfície plana e coberta de farinha. Amasse com as mãos até sentir que está leve e firme. Divida essa massa em duas bolas e, com a ajuda de um rolo, abra até formar um retângulo com cerca de meio centímetro de altura. Seu filho pode ajudar você nessa hora!
Depois de aberta a massa, pincele molho de tomate, queijo ralado e outro recheio à sua escolha. Enrole a massa pelo lado maior (como um rocambole) e, no fim, sele a ponta com um pouco d eleite. Corte o rolo em fatias de 5 centímetros e polvilhe a parte de cima com queijo ralado e uma pitada de orégano ou manjericão. Arrume os rolinhos em uma assadeira untada com manteiga e farinha. Leve-os ao forno por 25 minutos ( ou até estarem bem dourados).

Pudim de chocolate e baunilha

Ingredientes:
2/3 de copo de açúcar
1/4 de copo de maisena
1 pitada de sal
1/3 de copo de chocolate em pó
2 1/2 copos de leite
4 gemas
2 colheres de sopa de manteiga sem sal
1 colher de chá de essência de baunilha

Preparo:
Em uma panela, misture o açúcar, a maisena e o sal. Se estiver fazendo o pudim de chocolate, acrescente o chocolate em pó. Aos poucos, adicione o leite, tomando cuidado para dissolvê-lo sem empelotar. Misture as gemas, ligue o fogo e mexa até formar uma bolha. Reduza o fogo e cozinhe por mais um minuto. Apague e despeje em uma tigela. Misture a essência de baunilha e a manteiga com a massa ainda quente. Envolva com um papel-filme para evitar que forme uma casquinha. Espere esfriar e coloque na geladeira por, no mínimo, três horas. Na hora de servir, divida em quatro tigelas de sobremesa.

Meu filho, você não merece nada – parte 2

Ontem publicamos a primeira parte do artigo da jornalista Eliane Brum, no qual ela analisa a relação que vivem pais e filhos nos dias atuais. Sugerimos continuar a leitura hoje, pois muitas conclusões podem ser tiradas deste texto que, apesar de longo, é direto e sem meias-palavras.

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Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais prometeram. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer. (…)

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa. (…)

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas escolhas. Nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência. Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

Meu filho, você não merece nada – parte 1

A jornalista Eliane Brum faz uma análise sobre a atual relação entre pais e filhos, lembrando aos pais que a felicidade não é uma constante, que ninguém pode ser feliz o tempo todo e que é necessário aos filhos aprender a lidar com as adversidades. Como o texto é longo, vamos dividir o texto em duas parte, uma publicada hoje e a outra amanhã. Leia e tire suas conclusões!

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Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as

ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor. (…)

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes. Por que boa parte dessa nova geração é assim? (…) Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues, sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade. É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal.

Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

(continua amanhã)

Promoção Post Premiado – #Ganhadora 4

Conheça, agora, a nova ganhadora da promoção Post Premiado! Ao relatar, com emoção, a importância que seu filho Pedro deu ao fato de completar quatro anos, a mamãe Maria Beatriz conquistou o coração da comissão julgadora! Eles levam, para casa, o Jogação Sapos Come-Come (Ref. 0310.9)!

Agora, queremos saber a sua história! Escolha uma (ou mais) foto e conte a história deste dia especial! Mande pra nós e fique na torcida: você pode ser a próxima ganhadora!

A primeira frustração do meu filho

Meu filho acaba de fazer quatro anos. Idade muito comemorada por ele. Ele faz aniversário no dia 20 de setembro, mas pode comemorar durante toda a semana, já que na data aconteceu um almoço de família, no dia seguinte festinha na escola, no outro janta com amigos nossos e na sexta-feira a grande festa em uma casa de festa com muitos brinquedos e todos os amigos.

De fato, o Pedro estava radiante. Contou os dias para chegar a data, me encantei com a felicidade dele. Meu filho sempre gostou de comemorar o aniversário que alias é uma característica da nossa família, adoramos aniversário, mas esse realmente parecia ser especial. Era uma alegria incontida. E claro, como não poderia ser diferente a todos que via pedia um presente. Passei por muitas situações que adultos consideram constrangedoras, mas que para as crianças são bem normais.

A festa oficial foi demais, ele não parou um minuto aproveitou todos os brinquedos, mesmo estando friozinho ele suava de tanto brincar, a sua alegria era imensa. Ele transmitia uma aura de realização.

Encerrada a festa fomos para casa e ele logo dormiu, afinal o cansaço tomou conta de seu corpo. No dia seguinte, ele acordou com uma postura um pouco diferente. Observei, mas “não dei muita bola”, afinal o que não falta no Pedro é personalidade. Como ganhou muitas ferramentas – que ele adora – logo foi brincar com elas como se fosse construtor, reflexo da profissão de seu pai, que é engenheiro e costuma levá-lo para as “obras”.

Enquanto brincava, chamei-o para comer e ele imediatamente me corrigiu: “Não sou teu filho, sou o senhor consertador. Estou aqui para arrumar sua casa”.

Não contive o riso, mas entrei na brincadeira. Assim foi o final de semana todo, ele assumindo uma postura como se fosse um adulto.

Na segunda-feira enquanto nos preparávamos para ir para escola, ele disse que não queria que o levasse, pois agora tinha quatro anos e poderia ir sozinho, tentei explicar que não era dessa forma, que apesar da idade ele ainda não tinha condições de andar sozinho por ai. Mas não teve discussão ele bateu o pé, brigou comigo, chorou. Já sem saber o que fazer, combinei com ele então que pedisse uma autorização por escrito para a diretora da escola para poder ir sozinho. E com esse acordo o deixei na escola. No final do dia ao buscá-lo, a diretora me chamou para conversar, que o Pedro Antônio havia solicitado uma autorização para ir de bicicleta para a escola, pois agora tinha 4 anos e já poderia fazer isso. Como ela não autorizou, ele falou com todas as pessoas da escolinha, desde a cozinheira até as demais professoras. Não foi fácil convencê-lo, apenas ficamos assim, de no dia seguinte partir para mais uma batalha sobre como ir para a escola.

Ao chegar em casa, ele não quis minha ajuda para as coisas rotineiras como vestir-se, servir a janta, colocar a fralda para dormir. Porém ao tentar se servir derrubou a comida, ai parou e se sentou. Nisso começou a chorar muito, sem entender o que estava acontecendo fui conversar com ele para acalmá-lo, Nisso, entre uma lágrima e outra, ele muito frustrado me disse que queria fazer tudo sozinho, mas não estava conseguindo e assim me perguntou:

– Mãe, achei que ia mudar tudo com quatro anos, mas vai demorar muito pra mim poder fazer as coisas sozinho, né?

Diante a imensa frustração do meu filho, só pude responder:

– Sim, meu filho, vai demorar. Mas eu vou estar sempre contigo para te ajudar.

E assim, participei da primeira frustração do meu filho, que estava muito decepcionado por não ter acontecido a “revolução” que ele esperava aos quatro anos de idade.