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Um retrato do bullying no mundo

Na penúltima semana falamos sobre o tema “bullying”, relacionado a postagens na internet. Hoje voltamos a falar do assunto pois acreditamos que esse é um tema muito recorrente nos dias de hoje, sobre o qual muitos de nós – pais, professores, tios, avós, não sabemos muito bem como lidar.

Muitas vezes nem damos importância para os fatos, acreditando que tudo não se passa de “brincadeira de criança”, mas a gravidade do problema é tamanha que o Brasil já estuda a aprovação de uma lei relacionada ao assunto.

Por isso, achamos útil compartilhar com vocês esse infográfico, criado pelo site norte-americano Romantic Frugal Mom e traduzido pelo blog brasileiro Criando Crianças, que apresenta um panorama do problema.

Interessante para ser debatido em reuniões escolares ou outros momentos com pais e professores.

A vida na internet

Muito se fala, nos dias de hoje, em bullying, aquela prática horrível de maltratar, física e psicologicamente, crianças e adolescentes. A prática, que é antiga mas que antes não tinha esse nome, prejudica a vida de muitas pessoas, vítimas dos maus tratos de colegas, “amigos” (que de amigos não têm nada!) e conhecidos.

Com a internet, esse “maltratar” ganhou ainda mais força. As crianças e jovens vão pra escola, munidos de seus celulares com câmera e, além de maltratar alguém, fazem vídeos e postam na internet, compartilham por e-mail e redes sociais. Daí, para o “mico” de alguém ganhar o mundo, basta um clique – o que joga ainda mais pra baixo a auto-estima da vítima.

Mas a exposição da internet não acontece somente através destes vídeos constrangedores. Na semana passada, bombou na web o vídeo produzido para o BarMitzvah de Nissin Ourfali, um jovem paulista de 13 anos. Seu pai colocou o vídeo no Youtube para compartilhar o orgulho da data com os familiares. Mas o Brasil viu! E curtiu! E compartilhou (não se sabe ao certo se por deboche, estranheza ou porque gostou mesmo)!

Os comentários assustaram a família do garoto, que tirou o vídeo original do ar. Mas aí já era tarde: dois blogs influentes tinham sua publicação do vídeo e ele continuou sendo disseminado.

A jornalista Rosana Hermann, do portal R7, comentou o assunto em um post muito pertinente no seu blog. Segundo ela, “Imagino que pra muita gente que curtiu o vídeo, que cola mesmo na cabeça, achou tudo muito diferente, novo, estranho. A estranheza causa muitas risadas em todos nós. Essa estranheza, porém, pode ser apenas falta de conhecimento. Ou se informação. Porque esse tipo de vídeo, com lip sync, feito para festas de Bar Mitzvah, com a história de vida, protagoniza pelo garoto de 13 anos e estrelada pela família é muito comum. Tem vários vídeos no YouTube.”

Quer conferir o post? Clica aqui!

Assim, rimos e brincamos com o que nos soa estranho. Isso é normal, mas não é correto. Afinal, atrás do vídeo há um jovem, com todas as inseguranças, anseios e curiosidades da vida – elementos que estão ajudando a formar um novo adulto. Como este jovem está recebendo essas críticas e deboches? Ou, aprofundando mais, como está se sentindo sendo avaliado por um “mundo” de pessoas que não conhece e nem quer conhecer?

Como Giuliana Bergamno diz aqui: “Esquecemos que a internet, embora seja chamada de universo virtual, faz parte de um mundo bem real. Por trás de um código numérico, existe uma pessoa de verdade, de carne, osso e intelecto, e moral, e crenças e afinidades. O que escrevemos, curtimos ou compartilhamos aqui tem repercussão nesses seres.”

Pois é, aí que precisamos parar e pensar! Vale a pena expor quem amamos? Precisamos compartilhar todos os momentos de nossas vidas? Até que ponto o virtual está se sobrepondo ao real?

E você, querido leitor, como se comporta? Que tal tirar uns minutinhos e analisar: tudo o que você posta sobre seu filho hoje dará orgulho a ele quando crescer? Ou será, como dizem os mais antigos, uma “pagação de mico”?

A volta às aulas e a depressão (ou tensão) pós-férias

A volta às aulas costuma ser um misto de sensações. Por um lado, o alívio de ter ocupação para as crianças, já que muitos de nós não temos o devido tempo para criar atividades e passar com elas o tempo que elas gostariam quando estão longes da escola. Do mesmo lado, a alegria das crianças em rever os amiguinhos e poder contar as novidades. Por outro lado, uma pontinha de tristeza da parte das crianças, por acabar o seu tempo livre e descompromissado. E dos pais, por tirar as crianças, especialmente as pequenas, do conforto do lar em pleno inverno. E uma sensação de que vamos perder um tempo precioso de convivência, um dos pesos da vida moderna, como diz a blogueira Sam Shiriashi, que fez um post sobre depressão pós-férias.

De acordo com a Revista Saúde, a “Depressão pós-férias” é um mal que assola 23% dos brasileiros na volta ao trabalho. De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação de Controle do Estresse no Brasil, uma grande parte deste grupo é formada por mulheres que têm filhos e trabalham dentro e fora de casa. “A velha culpa da mulher que trabalha fora de casa e tem tempo limitado com os filhos em função do trabalho”, como fala Sam.

“O término das férias pode gerar um entristecimento grande devido à ausência ou pouco contato familiar, além da culpa que muitas mães apresentam por se sentirem pouco presentes. Tamém pesa a retomada dos horários e obrigações e a volta aos afazeres domésticos”, como afirma a matéria da Revista Saúde.

Para tornar esse momento mais fácil, Sam dá duas sugestões para aliviar o estresse e a tristeza nos primeiros dias – seja ela por parte das mães ou dos filhos:

– Reserve um tempo para brincar com as crianças, e tente manter esse momento uma constante entre vocês. Nem sempre dá tempo, mas ler um livro divertido ou um bom gibi, jogar um jogo ou ver um filme calmo à noite ajuda a manter o elo familiar e ainda desestressa, porque desliga a cabeça dos pais do dia de trabalho;

– Evite duas posturas: a impaciente no trabalho (que faz achar que não vale a pena estar lá, que desmotiva ou consome demais) e a permissividade com as crianças, postura bem comum quando se sente culpa. O melhor é esperar que a rotina se acomode (o que geralmente acontece em uma ou duas semanas) e tentar, como indicam os especialistas, repartir as férias em 2 ou 3 tempos ao longo do ano, para evitar que o estresse acumule (e assim você pode acompanhar seus pequenos nas férias de inverno!).

Fontes: Blog “A Vida Como A Vida Quer” e Revista “Saúde”

Livros para as crianças

As férias de inverno estão quase chegando e você ainda não se preparou para estes dias a mais com as crianças em casa? Que tal montar um mini-biblioteca, com livros e historias especialmente selecionadas para os pequenos? A partir desta semana, toda sexta-feira vamos sugerir alguns livros infantis para você presentear as crianças. A partir das histórias, muita coisa pode acontecer: a leitura individual, contação de história, teatrinho… Basta soltar a imaginação!

Confira as nossas primeiras dicas:

-A Arca de Noé


Escrito por Vínicius de Moraes e ilustrado por Nelson Cruz

É o único livro do poetinha Vinicius de Moraes feito especialmente para o público infantil. Ideal para introduzir os pequenos na poesia, oferece 32 poemas que se tornaram clássicos musicais nos anos 1980, como O Pato, A Casa, A Foca, O Relógio.

– Tenho medo mas dou um Jeito

De Ruth Rocha e Dora Lorch, ilustrado por Walter Ono

O livro mostra algumas situações de medo de coisas perigosas seguidos por maneiras de como lidar com os mesmos. Tenho medo mas dou um Jeito faz parte da série “Os medos que tenho”, que ajuda a trabalhar e conhecer os medos das crianças por meio da leitura.

– Maria vai com as Outras

Escrito e ilustrado por Sílvia Orthof

Parte da Série Lagarta Pintada, este livro aborda a questão da individualidade a partir do ato de fazer o que temos vontade, o que acreditamos e não agir e fazer igual aos outros somente para ser igual.

– O Menino Maluquinho


Escrito e ilustrado por Ziraldo

O Menino Maluquinho é cheio de vida, é adorável. Quem lê este livro tem o privilégio de conhecer e reconhecer, em um só menino, um pouco de todos nós.

-A Flauta Mágica

De Ruth Rocha

A autora adaptou o mundo da ópera para o universo infanto-juvenil. Neste livro, ela reconta em linguagem moderna toda a magia da obra A Flauta Mágica, lembrando que o mundo da ópera reúne diferentes artes, como literatura, dança, artes plásticas, dramaturgia, cenografia e música.

– Ou Isto ou Aquilo


Escrito por Cecília Meireles

Através da poesia, este texto escrito em 1964 mantem-se atual e introduz a criança no jogo de palavras, no humor e na sensibilidade. Cecília Meireles instiga os leitores a notar, entre tantas coisas, que a vida é repleta de duras escolhas. Recomendado a partir de 4 anos.

Especial educando e ensinando, apesar das diferenças – parte 2

Hoje, vamos falar mais um pouco sobre a relação entre pais, filhos e a vida digital. A educação e o  aprendizado são a base das relações e devem iniciar em casa, o que inclui nesse processo outros familiares, como tios e irmãos. Afinal, todos percebem as diferenças no estilo de vida e  nas formas de comunicação e relação com o outro. Segundo pais e tios, a falta de segurança acabou promovendo outras mudanças nos hábitos das famílias, especialmente em cidades maiores – onde o brincar na rua foi deixado de lado em detrimento dos jogos eletrônicos.

Tamara Campos, de Santa Cruz do Sul (RS), é mãe de Vitor e Valentina, de 7 e 3 anos. Ao analisar a realidade que seus filhos vivem hoje, ela destaca a violência como um dos fatores que influenciam as diferenças. “Na minha infância, brincávamos muito na rua, mas era diferente. Não existia essa violência louca de hoje. As casas tinham pátio e as mães não superprotegiam os filhos como agora”, comenta. Para enfrentar o problema da falta de segurança, ela entende que os pais acabam permitindo que os filhos conversem com os amigos via internet, por ser mais seguro. Além disso, mandar um e-mail é mais simples do que usar o telefone. Apesar destas facilidades, ela considera a comunicação pessoal muito importante, pois permite um troca muito rica de informações quando as pessoas estão frente a frente .

O acesso às novas ferramentas de comunicação é apontado por Tamara como uma grande vantagem para os pequenos. Ela percebe que eles nascem sabendo mexer no notebook, no Facebook, enquanto sua geração passou por curso de digitação ou datilografia. “Eles não precisaram conhecer o meio digital, já nasceram nele. Mexer na internet e suas plataformas é tão normal quanto a TV é pra nós e não era para nossos pais. Meu filho mexe no tablet melhor do que eu, pois tenho medo de estragar. Já, para ele, é uma ferramenta usual”, salienta.

Apesar deste acesso facilitado às informações, de forma digital, Tamara incentiva os filhos a terem contato com livros de papel. Já as brincadeiras não são as mesmas, o que às vezes deixa a mãe assustada. “Outro dia, convidei eles pra brincar de ovo choco e eles não sabiam o que era. Fiquei me sentindo um ET, pensando ‘como assim? Toda criança sabe o que é ovo choco!’. Mas logo me dei conta de como as coisas mudaram as brincadeiras hoje são outras”, conclui.

Moradora de Novo Hamburgo (RS), Aline de Negri Silva ainda não tem filhos, mas participa da criação do sobrinho Henrique, de 3 anos. Como Tamara, ela também percebe as diferenças em relação à falta de segurança. “Comparando a infância da década de 80 com a atual, a grande diferença são as brincadeiras. Crescemos em um tempo em que ainda podíamos brincar no parque, andar de bicicleta nas ruas de paralelepípedo, em um tempo em que subir em árvores e brincar de esconde-esconde e pega-pega eram mais comum”, recorda.

Aline frisa que na sua infância já havia brinquedos eletrônicos, mas as brincadeiras se misturavam, facilitando o desenvolvimento enquanto grupo. Hoje, ela percebe que as crianças vivem mais como ‘crianças de apartamento’, em que a TV e o DVD viraram atrativos por questões de segurança, assim como os brinquedos  eletrônicos são cada vez mais sofisticados e com menos interação entre os amigos e coleguinhas.

Para Aline, que é psicóloga e professora, as famílias devem incentivar os pequenos pelo bom exemplo, seja em comportamento ou hábitos. Como exemplo, ela cita a dedicação aos livros. “Certo dia estava digitando algo e consultando um livro. Quando olhei para o lado, meu sobrinho, que estava brincando, buscou um livro e brincou de leitura, mostrando suas novas descobertas. Ele repetia a leitura que tínhamos feito na noite anterior antes de dormir”, conta, emocionada, frisando o quanto as crianças aprendem pelos exemplos.

Pai do Theo, de 3 anos, Sérgio Baccaro Júnior teve claro em sua mente desde o nascimento do filho que ele nascera no mundo digital. “Por me observar mexendo num iPhone, por exemplo, ao invés de tentar pegar os objetos (como botões de camisa) com a mão, ele começou a tocar com o dedo indicador”, relata. E o digital também fez parte da comunicação em família, desde cedo: como Baccaro sempre viajou bastante a trabalho, ao invés de falar com o pequeno por telefone, usava videochats para interagirem.

Baccaro percebe, no dia a dia com Theo, que ele já nasceu em um mundo que o deixará muito mais preparado para o futuro do que os nascidos em gerações anteriores. “A facilidade com que lida com a tecnologia com pouco mais de 3 anos é tremendamente maior do que a minha, com 39”, salienta. Por outro lado, ele ainda considera difícil mensurar as desvantagens, pois o mundo mudou muito e a diferença entre as gerações surgiram de forma muito rápida. “Pensávamos, por exemplo, que a internet nos deixaria cada vez mais isolados mas hoje percebo o contrário: estamos cada vez mais sociáveis. Acho que só no futuro perceberemos mudanças mais claras e suas consequências“, reflete.

Enquanto esse futuro vai se desenhando, Baccaro estimula Theo a brincar com as tradicionais brincadeiras, desde esconde-esconde até amarelinha. O pai tenta dividir as atividades do filho entre “analíticas” e digitais, assim como incentiva a leitura em papel. Mas aí ele encontra um problema:  os livros digitais, por serem mais coloridos e mais interativos, estimulam e atraem muito mais as crianças.

Prepare-se para a compra do material escolar

Em fevereiro, as escolas retomam as atividades, mas você já deve ter recebido a lista do material escolar dos seus filhos. Antes de sair comprando tudo o que a escola pede, analise os itens. Sempre há uma forma de economizar ou de, pelo menos, não jogar dinheiro fora. Sempre há a chance de a lista podem conter exageros, pedir marcas específicas ou ainda material de manutenção da escola.

Em primeiro lugar, confira se não há itens que você já tem do ano passado, como régua e apontador. Este material pode e deve ser reaproveitado! Se o seu filho precisa de livros didáticos, que tal ver se amigos ou conhecidos com filhos mais velhos não podem vender (por um valor mais em conta) ou emprestar os livros que eles usaram? Mas, primeiro, confira se o material está em bom estado e pode enfrentar mais um ano de atividades!

Seu filho quer aquele caderno super caro com o personagem favorito na capa? Negocie com ele! Ofereça o modelo mais simples e, junto, cartelas de adesivos do personagem: assim, seu filho terá o que deseja e ainda em um modelo exclusivo, personalizado por ele mesmo! Esta também é uma maneira de iniciar a educação financeira dos pequenos, comparando preços entre lugares e entre produtos semelhantes.

Em cada compra, peça a nota fiscal, que é obrigatória em caso de necessidade de troca. E não tenha vergonha de negociar preços e pedir descontos. Afinal, se você comprar todo o material em uma mesma loja, estará fazendo um grande investimento, que merece uma atenção especial do vendedor!

Especial Educando e ensinando, apesar das diferenças – parte 1

O mundo viveu diversas mudanças nos últimos 20 anos. Mudanças que certamente marcaram aquelas pessoas que viveram e sentiram, no seu dia a dia, as transformações: globalização, comunicação móvel, internet, redução das distâncias e das fronteiras. Qual leitor imaginaria, em sua infância, conversar em tempo real com o amigo que mora na China, sem gastar uma fortuna em conta de telefone? Ou que teria ao alcance dos dedos todos os melhores momentos que vive, registrados em imagens? Ou, ainda, que poderia contar para o mundo sua indignação pelo mau atendimento de uma empresa e que, ainda por cima, encontraria pessoas solidárias a milhares de quilômetros de distância?

Pois bem, amigos, o tempo passou e o nosso planeta se transformou. E essa frase, simples, pode se tornar um problema para alguns jovens pais. Como ensinar, educar uma criança, que tem todas as informações a sua disposição a um clique de mouse (ou de dedos em um touch)? Como brincar de jogar bola na rua com um menino apaixonado pelo Fifa Soccer ou brincar de bonecas com a menina que curte The Sims?

Pois a Xalingo decidiu ouvir pais, nascidos nas décadas de 1970 e 1980, para saber como eles estão educando e criando seus filhos. Porque, nestas famílias, não existem baby boomers nem geração X, Y ou nativos digitais. O que existe é amor, compreensão e exemplos a serem seguidos.

Uma das principais mudanças no estilo de vida apontada pela mãe Nathalia Silva, de Novo Hamburgo (RS), é o controle. “Eu brincava na rua da minha casa, não tinha medo, não tinha perigo. Hoje moro com a minha filha Giovana, de 9 anos, no mesmo local, e ela só vai para a rua se tiver algum adulto junto”, comenta. Ela frisa que a maioria dos colegas da filha mora em apartamento, condomínios, fechados e com segurança. “Não lembro de, na minha infância, ter um coleguinha que não morasse em uma casa e tivesse um pátio para correr”, recorda. Apesar disso, as duas divertem-se com brincadeiras tradicionais, como andar de bicicleta, jogar bola, pular amarelinha, mesmo que para isso recorram a áreas abertas em um clube.

Outra diferença citada por Nathalia é a forma de comunicação: enquanto a Gi se comunica com as amigas pelo MSN, raramente por telefone, eu vivia pendurada no telefone. “Elas se falam de manhã pela webcam, trocando ideias e dúvidas sobre o tema da aula, à tarde”, detalha.

O fato de Giovanna ter nascido na era digital tem prós e contras, segundo a mãe Nathalia. É positivo devido ao acesso a informação, o que fará com que as crianças não sejam bitoladas e fechadas perante o que acontece no mundo. “Mas isso só é bom se ensinarmos sobre como lidar com isso”, poderá. Já, como desvantagem, Nathalia cita que as crianças podem ficar muitas horas no computador ao invés de brincar com algo mais educativo e construtivo. Ela frisa que é preciso ficar de olho e dar o exemplo, tentando não ficar grudados na tela do notebook.

E apesar do acesso digital a livros, Nathalia e Giovanna mantém o hábito do livro de papel. “Antes de dormir, eu pego algum da faculdade e ela um dos vários que ela tem. Já nas pesquisas para escola, ela sempre pede para usar o Google, principalmente quando o tema é de Inglês, mas sempre ressalto que ela precisa aprender a consultar o dicionário de papel também”, explica.

Moradora de Campinas (SP), Elisa de Azevedo Pimenta é mãe da Marcela, de 2 anos e meio. Para ela, a grande diferença entre as duas gerações é o acesso à informação e a cultura. “Eu amava ver filmes da Disney, mas só os via em aniversários na casa de um vizinho, que tinha um daqueles projetores de filme. Aquilo para mim era o máximo e eu vivia sonhando com aquele ‘cinema’”, recorda. Em compensação, a pequena Marcela pode ver todos os filmes que quer, seja no seu próprio DVD ou no Youtube – que ela conhece muito bem. Da mesma forma, Elisa recorda que Marcela já foi ao teatro, enquanto ela só assistiu a uma peça aos 15 anos. “Essa é a principal diferença: o que eu conheci jovem, minha filha nasceu conhecendo”, afirma.

Elisa ainda destaca a facilidade em lidar com as novas tecnologias que as crianças adquirem atualmente. Segundo a mãe, é impressionante como a Marcela manuseia um I-Phone e como ficou impressionada quando descobriu o I-Pad, onde tudo ficou ainda maior. “As crianças são ávidas por informação e assimilam rapidamente as novidades, que nós demorávamos anos para receber e armazenar. A desvantagem é que muitas vezes o lazer gira muito em torno do computador, do I-phone, do DVD”, cita. Para evitar o foco somente em elementos digitais, a família de Elisa incentiva Marcela com brincadeiras tradicionais, como bolhas de sabão, picnic no parque, motoca, zoológico, bichinhos, passeio a cavalo. “Tentamos fazer com que ela tenha uma infância saudável, sem exageros tecnológicos”, frisa.

Também de Novo Hamburgo (RS), o pai Bernardo Guedes entende que as crianças nativas digitais somente têm vantagens em relação à infância que ele viveu. “Vejo que Isadora, minha filha, tem a tecnologia a favor dela, que oferece facilidade de comunicação e conforto”, diz. Ele recorda que, quando era criança, o Atari era o videogame mais moderno, sua casa não tinha videocassete e o computador dava seus primeiros. Em oposição àquele tempo, hoje o computador faz parte da vida dos pequenos que, por tentativa e erro, aprendem a mexer nos programas e sites.

Ao pensar sobre a comunicação, Bernardo percebe que Isadora, que tem 6 anos, pensa que é muito mais fácil falar com a Xuxa, a Barbie ou outros ídolos, porque basta mandar um e-mail pelo site. E ele se diverte ao relatar a descoberta moderna da filha: “Esses dias ela me disse ‘ ‘pai, você sabia que existe uma coisa chamada Correios e que você pode colocar uma cartinha e me mandar?’”, relata.

Apesar da modernidade fazer parte da vida da pequena, Bernardo tenta mostrar que é ótimo ter amigos e criar brincadeiras, como roupinhas para as bonecas, comidinhas… O importante, para ele, é saber dosar as atividades. Ao mesmo tempo, ele incentiva o hábito da leitura, especialmente agora que a Isa aprendeu a ler. “E minha filha adora! compro gibis da Turma da Monica e livros. Chega a ser uma briga, pois sempre que passamos em uma livraria ela quer um livro novo e nem sempre tenho dinheiro pra isso”, conta.

Os 30 melhores livros infantis de 2011

A Revista Crescer, com o auxílio de 41 jurados, escolheu os 30 melhores livros infantis do ano passado. Confira-os organizados por idade e divida momentos de criatividade, emoção, diversão e aprendizado com seus filhos!

A partir de 1 ano:

O Livro Redondo, Textos e ilustrações de Caulos, Ed. Rocco.

O que tem dentro da sua fralda?, Textos e ilustrações de Guido Van Genechten, tradução de Vânia Maria Lange, Ed. Brinque-Book.

A partir de 2 anos:

Uma Lagarta muito Comilona, Textos e ilustrações de Eric Carle, tradução de Miriam Gabbai, Ed. Kalandraka.

Dez Patinhos, Textos e ilustrações de Graça Lima, Ed. Companhia das Letrinhas.

A partir de 3 anos:

Yumi, Textos e ilustrações de Annelore Parot, tradução de Eduardo Brandão, Ed. Companhia das Letrinhas.

Telefone Sem Fio, Criação de Ilan Brenman e ilustrações de Renato Moriconi, Ed. Companhia das Letrinhas.

Bruxinha Zuzu, Ilustrações de Eva Furnari, Ed. Moderna.

Pato! Coelho!, Textos de Amy Krouse Rosenthal e ilustrações de Tom Lichtenheld, tradução de Cassiano Elek Machado, Ed. Cosac Naify.

Avô, conta outra vez, Textos de José Jorge Letria e ilustrações de André Letria, Ed. Peirópolis.

Gildo, Textos e ilustrações de Silvana Rando, Ed. Brinque-Books.

Mamãe é um lobo!, Textos e Ilan Brenman e ilustrações de Gilles Eduar, Ed. Brinque-Book.

A partir de 4 anos:

Porque o Elvis não latiu?, Textos de Robertson Frizero e ilustrações de Tayla Nicoletti, Ed. 8Inverso.

Selvagem, Ilustrações de Roger Mello, Ed. Global.

O artesão, Ilustrações de Walter Lara, Ed. Abacatte.

Sombra, Ilustrações de Suzy Lee, Ed. Cosac Naify.

As lavadeiras Fuzarqueiras, Textos de John Yeoman e ilustrações de Quentin Blake, tradução de Eduardo Brandão. Ed. Companhia das Letrinhas.

Margarida, Textos e ilustrações de André Neves, Ed. Abacatte.

Que João é esse? Que Maria é essa?, Textos de Lalau e ilustrações de Laurabeatriz, Ed. Companhia das Letrinhas.

O que é uma criança?, Textos e ilustrações de Beatrice Alemagna, tradução de Monica Stahel. Ed. WMF Martins Fontes.

Obax, Textos e ilustrações de André Neves, Ed. Brinque-Book.

A partir de 5 anos:

É um livro, Textos e ilustrações de Lane Smith, tradução de Júlia Moritz Schwarcz. Ed. Companhia das Letrinhas.

A lua dentro do coco, Textos de Sérgio Capparelli e ilustrações de Guazzelli. Ed. Projeto.

Controle Remoto, Textos de Tino Freitas e ilustrações de Mariana Massarani, Ed. Manati.

A partir de 6 anos:

A história do Leão que não sabia escrever, Textos e ilustrações de Martin Baltscheidt, tradução de Monica Stahel, Ed. WMF Martins Fontes.

Trudi e Kiki, Textos e ilustrações de Eva Furnari, Ed. Moderna.

Keith Haring – Ah, se a gente não precisasse dormir!, Concepção de Désirée La Valette e David Stark, ilustrações de Keith Haring. Ed. Cosac Naify.

A partir de 7 anos:

Ode a uma estrela, Textos de Pablo Neruda e ilustrações de Elena Odriozola tradução de Carlito Azevedo, Ed. Cosac Naify.

A partir de 8 anos:

A vida secreta das Árvores, Textos de Gita Wolf e Sirish Rao e ilustrações de Bhajju Shyam, Durga Bai e Ram Singh Urveti, tradução de Monica Stahel, Ed. WMF Martins Fontes.

Sem indicação de classificação:

Um amor de botão, Textos e ilustrações de Pauline Carlioz, tradução de Luciano Vieira Machado, Ed. Salamandra.

Sábado na Livraria, Textos de Sylvie Neeman e ilustrações de Olivier Tallec, tradução de Cassia Silveira, Ed. Cosac Naify.

As novas famílias e as festas de fim de ano

A estrutura familiar vem passando por mudanças nas últimas décadas. A família, que antes era composta por marido-mulher-filhos, com os segundos casamentos ganha novos componentes: padrastos e madrastas, irmãos de criação. Neste novo ambiente, as festas de final de ano merecem uma atenção especial, pois podem ocorrer conflitos de relações e de interesses – o que não pode, de forma alguma, prejudicar a felicidade de todos e, especialmente, das crianças, que não têm culpa nem responsabilidade pelas opções afetivas e de relacionamento dos pais.

Filhos de pais separados não podem “se dividir ao meio” para estar em duas festas de final de ano ao mesmo tempo. Na verdade, o que eles querem é passar as festas com os dois, juntos. Se a relação dos pais é saudável e sem conflitos, por que não presentear os pequenos com este evento? Já se for inviável, combine com antecedência como será o esquema das festas. ‘O ideal é que as crianças passem o Natal com um e o Ano Novo com outro; no ano seguinte, as datas podem ser invertidas. Mas é importante pedir a opinião do filho, que pode preferir outra solução.

É importante que seja mantida a boa relação entre os pais e seus novos pares. Se há uma festa em que todos participarão, não vale a mãe ficar de cara feia para a namorada do ex-marido. Ou o contrário. Não é saudável para a criança ficar vendo briguinhas, birra e cenas de ciúme, certo? Até porque não é este o exemplo que os pais desejam passar para os filhos!

Por isso, a dica é: se vocês estão separados, mantenham a cordialidade, a calma e aprendam a respeitar as escolhas um do outro, assim como às pessoas que estão envolvidas nestas novas grandes famílias!

Como incentivar o hábito da leitura

Não é porque as férias escolares começaram que você vai deixar seus pequenos longe dos livros, não é? Apesar de o tempo livre permitir muitas brincadeiras na rua e o computador oferecer uma infinidade de atividades e brincadeiras, a leitura oferece uma viagem sem fim pelas maravilhas da imaginação – isso sem falar que ajuda na alfabetização, educação, no ensinamento de valores morais.

Os adultos têm papel fundamental na iniciação das crianças no mundo da leitura. A professora da Faculdade de Educação da PUCRS Maria Conceição  Christofoli destaca que os pais devem, sim, ler para os filhos, desde pequenos. ”Ao invés de ficar na frente da TV, os pais podem ler para os filhos. Além da questão da mediação, é um ato de afeto “, destaca a profissional.

O escritor Carlos Urbim acredita que a missão do escritor é honrar a magia do “Era uma vez…”, contar histórias que façam “brilhar os olhos dos leitores” e libertem a imaginação. Também escritor, Caio Riter crê que a criança se encanta pela palavra e que, por isso, até uma canção de ninar ajuda a encaminhar os pequenos para os livros.

Na hora de escolher o que ler – ou deixar à disposição dos pequenos para que eles mesmos leiam – pode-se levar em conta a idade da criança, apesar de não haver grandes diferenças entre os livros. Uns têm mais textos, outros mais ilustrações; entretanto, o conteúdo normalmente é apropriado para qualquer idade entre zero e seis anos.

Se a criança não sabe ler, o livro pode ser manuseado e lido pelos pais, tios ou avós. A voz de familiares é confortante. Nestes casos, livros ilustrados ajudam no entendimento. Aqueles que têm outros atrativos, como sons ou figuras que aparecem ao virar as folhas, também aumentam o interesse e o aspecto lúdico.

E se engana quem acha que os clássicos contos infantis estão fora de moda! São estas histórias que permitem à criança se imaginar como princesa ou herói. Na outra ponta, estão os livros da moda – aqueles de bruxos, vampiros, mágicos, heróis, detetives… Eles são benéficos também, pois atraem os pequenos para a literatura.

Mas não esqueça: conforme a idade avança, a criança precisa de leitura mais profunda, que lhe exija tempo e permita a reflexão.