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Dicas para aproveitar uma visita ao zoológico

Com as férias escolares se aproximando, passamos a procurar alternativas para distrair e divertir as crianças. Se pudermos escolher programas que aliem diversão e aprendizado, melhor ainda! Um desses passeios que pode trazer bons momentos de descontração e novos aprendizados é a ida ao zoológico. O projeto Educar para Crescer, da Editora Abril, preparou algumas dicas super interessantes para esse programa ser ainda mais proveitoso.

Informe-se antes sobre o zoológico

Para não perder nenhuma das atividades oferecidas, você pode planejar o passeio acessando o site do local ou fazendo uma ligação. Também só com uma consulta prévia dá para saber se o zôo tem infra-estrutura para receber portadores de necessidades especiais. Além disso, vale a pena adquirir um mapa assim que chegar, no Centro de Visitantes, para planejar um roteiro de passeio que inclua as atividades que você e seu filho mais querem conhecer.

Aproveite o dia com a família!

O lazer é muito importante. É legal os pais terem a oportunidade de passarem um dia agradável com seus filhos, em meio à correria de costume. Muitos zoológicos possuem áreas arborizadas para caminhar e para fazer piquenique. Aproveite para convidar mais gente da família!

Não trate os animais como artistas de circo

Os bichos não estão no zoológico para fazer piruetas. Eles estão ali para gerar discussões a respeito do seu comportamento e habitat. O contato ajuda a criar empatia com os animais. Estimula o respeito a todos os seres vivos, inclusive daqueles que muitas vezes geram nojo ou medo, como cobras, sapos, aranhas, insetos e morcegos. É importante explicar aos seus filhos que todos os animais têm uma função especial na natureza.

Visite os animais brasileiros

A fauna brasileira é uma das maiores do planeta. Nosso país tem diversos biomas e por isso há tantos animais diferentes. Arara-azul, tamanduá-bandeira, cachorro-vinagre, onça-pintada são alguns animais que podem ser encontrados nos zoológicos. Não importa se você vive na cidade ou em alguma área rural. Há diversos animais que podem ser encontrados livres na natureza, em regiões próximas à sua casa. Além disso, muitos deles estão em risco de extinção e são raros de avistar. É legal aproximar as crianças dessas questões, que envolvem o meio ambiente onde vivem.

Conheça também os animais de outras partes do mundo

Girafas, rinocerontes, elefantes… Os grandes mamíferos africanos aparecem com frequência na televisão e no cinema, habitam o imaginário das crianças e encantam por seu enorme porte. No zoológico, seu filho poderá conhecê-los de perto.

Preste atenção nos animais que estão soltos!

No zoológico, você não conhece apenas os animais em cativeiro. Muitas espécies, especialmente de aves, circulam pelas áreas do zôo em busca de comida e abrigo. Eles são bons indicadores da qualidade ambiental do espaço, já que podem escolher ficar ou não por lá.

Respeite os animais!

Os espaços abertos ou com poucas grades, como lagos e os recintos dos grandes herbívoros, costumam virar depósito de lixo. Explique para seu filho que esse descuido, além de tornar o ambiente muito feio, prejudica os animais, que podem ingerir embalagens e restos de comida. Todos os bichos têm hábitos alimentares muito específicos e a comida distribuída é controlada por especialistas. Comida humana pode fazer muito mal aos animais. Em uma visita ao zoológico, aproveite para mostrar ao seu filho o trabalho dos tratadores, que ao longo do dia visitam os recintos para alimentar os animais. Além disso, cuidado com o barulho e com os flashes das máquinas fotográficas! Peça para as crianças não gritarem ou baterem nos vidros e grades, e evite bater fotos com flash. A luz e o ruído em excesso incomodam e afugentam os animais.

Ensine-o a respeitar o meio ambiente

Quando você e seu filho observam a forma como os animais vivem, dá para conversar sobre as ameaças que sofrem com a destruição da natureza e a importância de se preservar os ambientes naturais para que eles possam viver em liberdade. Além disso, é importante falar sobre preservação de recursos naturais e resíduos sólidos. Tente se informar se o zoológico é envolvido nessas questões. No Jardim Zoológico de Brasília, por exemplo, os dejetos animais vão para uma composteira. Já no zôo de São Paulo, o lixo é reciclado e toda a água usada é tratada e reaproveitada nos lagos e tanques. Todos esses assuntos também podem ser associados ao dia-a-dia do seu filho. Reciclar e economizar água e energia em casa são os primeiros passos para evitar a degradação de mais áreas naturais, e a destruição do habitat de vários animais que encontramos no zoológico.

Participe das atividades monitoradas e palestras e visite as exposições temáticas

Os profissionais do zoológico podem ajudar a tornar o seu passeio muito mais educativo e prazeroso. Não fique com vergonha de procurar orientação e de fazer perguntas. Essa participação estimula os filhos. Os especialistas podem tirar dúvidas e revelar muitas curiosidades sobre os animais. Além disso, muitos zoológicos oferecem espaços dedicados a temas específicos, de grande importância educativa. No Zoológico de São Paulo (SP), por exemplo, há um espaço indígena, onde se explora a relação sustentável que o índio tem com a natureza. Em Belém (PA), é possível conhecer o patrimônio arquitetônico dos prédios do primeiro Parque Zoobotânico do país, no Museu Paraense Emílio Goeldi Goeldi. Há outros que são associados a jardins botânicos ou áreas de mata nativa, como é o caso da Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte (MG) e do Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, em Sorocaba (SP). Com isso, além de conhecer a fauna, você tem a oportunidade de fazer trilhas ecológicas, passear por jardins temáticos, e conhecer mais sobre a flora local ou de outras partes do mundo.

Visite os bastidores do zôo

Vale a pena se informar se o zoológico oferece visita aos bastidores, como os setores de alimentação e a veterinária. Conhecer o trabalho dos funcionários desmistifica a ideia de que um zoológico é simplesmente um lugar de exposição de animais vivos.

Conforto acima de tudo

Para tornar a visita interessante, é necessário que todos estejam confortáveis. Um bom calçado, protetor solar, repelente e bonés são itens básicos. Também não esqueça de fazer pausas durante o passeio. Procure descansar em áreas próximas a lanchonetes, restaurantes, bebedouros e banheiros/fraldários.

Volte sempre!

Zoológico não é um passeio para se fazer uma vez na vida. Crie o hábito de revisitar o zôo, ou de conhecer outros em suas viagens. Eles sempre têm novidades! Seja um filhote que acabou de nascer, seja animais recém-doados.

Converse sobre o zôo depois da visita

Converse com seus filhos sobre o que vocês viram durante o passeio. Reveja as fotos e vídeos feitos, mostre livros e filmes onde os animais do zoológico apareçam.

Conheça um pouco mais sobre a história dos zoológicos

Existem registros desse tipo de “coleção” desde a antiguidade – em impérios como o chinês, o asteca e o egípcio – quando o hábito era associado à riqueza e poder dos governantes. Alguns pesquisadores acreditam que o primeiro zoológico organizado data do Século III a.C. e pertenceu ao rei egípcio Ptolomeu I, sucessor de Alexandre, o Grande. Mas foi na virada do século XIX para o XX, com o desenvolvimento das cidades e a depredação de áreas naturais, que os zoológicos europeus e americanos mais conhecidos foram criados. O primeiro zôo do Brasil também surgiu nessa época, como uma pequena coleção de animais silvestres da Amazônia, no Museu Paraense Emilio Goeldi.

Veja também as dicas que demos anteriormente, também guiadas pelo projeto Educar para Crescer, sobre idas a museus, clicando aqui!

Como fazer as crianças gostarem de matemática

É muito importante que estimulemos desde cedo os pequenos a desenvolverem sua inteligência, criatividade e gosto por atividades que serão importantes para o seu futuro. No início da vida escolar, muitas crianças desenvolvem uma certa implicância com a matemática, que costuma se prolongar para o restante da vida escolar. Porém, o gosto pela matemática e demais matérias exatas pode ser desenvolvido em casa, desde pequeno. Não é necessário tornar o seu filho um pequeno Einstein, apenas garantir que os seus anos escolares não serão de sofrimento e reclamações. Em cada idade o estímulo pode ser dado de uma maneira.

Quando a criança tem cerca de dois anos e alguém perguntar a idade, estimule o pequeno a indicar com os dedinhos. Se ele tiver irmãozinhos ou priminhos de idades próximas (até cinco anos), estimule a ir aprendendo as idades destes também. Essa é uma boa maneira de mostrá-lo desde cedo a importância que têm os números.

A partir dos quatro anos, as crianças já podem ser estimuladas através de alguns jogos, como o boliche (Ref.: 208.7 Boliche no Bosque). Auxilie e ensine a criança a contar os pinos derrubados, a fim de saber quem é o vencedor.

Com cinco ou seis anos, algumas operações matemáticas já podem começar a ser introduzidas. Além de ensiná-las a somar suas balas ou brinquedos com as dos amiguinhos (contanto que sejam pequenas quantidades), alguns joguinhos matemáticos já podem ser utilizados, como o Ref.: 29.,5. Cubos Encaixáveis Números e Quantidades.

Por volta dos dez anos de idade, como as crianças já têm contato com os cálculos na escola e já aprenderam as operações, incentive-as a algumas atividades práticas que lhes mostrem como a matemática lhes será útil na vida real, como calcular o preço final das compras feitas no supermercado, ou fazer pequenas planilhas de gastos para sua mesada.

Com alguns incentivos simples e divertidos, a vida escolar da criança pode se tornar muito mais prazerosa!

Como potencializar o que a escola ensina

Independente da idade, se o seu filho já está na escola, é hora de você ajudar no processo educativo. Todos os pais se empenham em preparar seu pequeno para ser um adulto melhor, mas é realmente importante que pais e escola trabalhem na mesma linha. Assim, a criança não se confunde entre o que é certo e errado!

Para não atrapalhar o que a escola está fazendo, que tal também estabelecer uma rotina em casa? Se você observar, a escola mantém uma ordem de atividades e você pode fazer o mesmo em casa, tendo um horário regular para o banho, alimentação e hora de dormir. Também é importante incentivar as conquistas. Se na escola seu filho não usa mais bico ou fraldas, por que precisa usar em casa? Dispense esses itens também! E trate seu filho de igual para igual, sem infantilizações ou diminutivos.

É importante reservar tempo e espaço para que seu filho desenvolva as habilidades que são trabalhadas em sala de aula. Não sabe como? Comece dando brinquedos adequados à idade dele e mantendo um lugar específico da casa para que ele brinque, faça desenhos e se divirta. E que tal pedir para ele lhe ensinar as músicas que aprende na escola? Estimulando desta forma e oferecendo apoio nas lições, mas sem fazer as atividades por ele. A professora precisa saber que ele teve dificuldades, para trabalhar com isso em sala de aula.

Não esqueça de acompanhar o dia a dia: olhe o caderno, acompanhe a agenda e converse com seu filho, pedindo que ele conte o que fez na escola. Não faça interrogatório! Para incentivar essa parceria, troque de posição: conte a ele como foi seu dia, recorde seus tempos de escola, mostra para ele que, mesmo em idades diferentes, vocês pertencem ao mesmo mundo!

Como a relação escola-casa é uma via de mão dupla, não esqueça de compartilhar. Use a agenda para falar sobre seu filho, caso ele não passe bem a noite, tenha pesadelos, algum mal-estar… Outros acontecimentos que podem afetar o humor ou o desempenho da criança devem ser informados à professora pessoalmente, de forma discreta e em separado das crianças.

Excesso de TV e computador prejudicam a coluna das crianças

O cotidiano das crianças mudou. Ao invés das tradicionais brincadeiras de rua, cada vez mais os pequenos ficam dentro de casa, jogando videogame ou sentados em frente ao computador. É claro que estas atividades trazem benefícios às crianças, mas o excesso pode causar problemas de saúde – especialmente na coluna, responsável pela sustentação do corpo e pelos movimentos.

Uma pesquisa norte-americana apontou que garotos americanos entre oito e 18 anos ficam cerca de sete horas e meia por dia em frente a aparelhos eletrônicos. Este excesso de tempo pode causar falhas na coordenação motora, além de problemas graves de coluna. Nesta faixa etária, a maturação óssea exige boa postura e exercícios físicos, o que ajuda a evitar deformidades.

Em entrevista ao site ZeroHora.Com, o médico Marcelo Peroco alerta que a postura incorreta leva a criança a uma inversão na coluna deixando-a em situação de risco – pode ocorrer um deslocamento em situações de pouco impacto e movimento. Sentados, acumulamos maior carga na coluna. Por isso, recomenda-se que, tanto crianças quanto adultos, levantem-se e façam movimentos a cada uma hora que ficarem sentados.

O médico também aponta outros problemas físicos que antes eram comuns somente em adultos, mas que vem sendo diagnosticados também em crianças, como a tendinite e a hérnia de discos. Entre as principais causas destacam-se o sedentarismo precoce e a má postura.

Para evitar dores e problemas mais graves precocemente, sugere-se aos pais limitar o tempo que a criança pode ficar sentada em frente à TV ou computador e reserve esses momentos quando não for possível desenvolver uma atividade aeróbica fora de casa. Os pais devem incentivar a criança a brincar e se divertir com atividades externas, como pedalar, correr, praticar um esporte.

Seus filhos estão nas redes sociais?

Pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento como sociólogos, antropólogos, psicólogos e cientistas têm se debruçado sobre o fenômeno das redes sociais, como Facebook, Twitter, Orkut e You Tube. O interesse? Entender para onde elas caminham e como lidar com elas, especialmente quando o uso é feito por crianças. Este assunto tem, inclusive, tirado o sono de pais e educadores.

O Conselho de Comunicação e Mídia da Academia Americana de Pediatria publicou recentemente um estudo sobre o impacto das mídias sociais nas crianças, adolescentes e suas famílias. O assunto também foi abordado pelo jornal Valor Econômico, que publicou uma pesquisa do Instituto Ibope/Nielsen sobre o comportamento das crianças brasileiras na internet.

A pesquisa brasileira constatou que, em dezembro de 2010, cerca de 14% dos usuários da internet no Brasil eram crianças de 2 a 11 anos. No ano 200, elas representavam 6% dos usuários. Este aumento ocorreu porque os acessos a web estão cada vez mais fáceis: hoje, os celulares têm acesso a internet, os computadores estão cada vez mais presentes nos lares e as crianças demonstram cada vez mais interesse em usá-los.

A pesquisa norte-americana aponta que o uso da internet é a atividade mais comum entre crianças e adolescentes. O acesso inclui as redes e jogos sociais, consultas a sites de jogos online e de compras e a blogs. A pesquisa Ibope Nielsen indica que a criança brasileira está entrando mais em sites de jogos. Entretanto, meninas já procuram as redes de socialização. Cerca de 50% das crianças já usaram a internet para se informar sobre preços ou produtos, ou ainda para comprar algo.

Usar as redes sociais tem, segundo o artigo norte-americano, vários aspectos benéficos:

1. Melhoria e aprendizado de viver e se comunicar com uma comunidade, podendo ser usado para ajudar pessoas (angariar fundos para projetos sociais, formaturas etc).

2. Trocar idéias, imagens, trabalhos criativos como em artes, fotos, filmes, músicas.

3. Desenvolve o empreendedorismos, através da criação de blogs, sites de vídeos, games etc.

4. Trocas de experiências e idéias compartilhando causas (importante para os adolescentes), oportunizando o convívio com idéias diferentes e o aprendizado do respeito e tolerância.

5. Acessos à informações diversas, para uso na escola, tornando-se uma fonte de aprendizado.

Já entre os riscos, os pesquisadores destacam:

1. O cyberbullying, fenômeno crescente e que acontece quando deliberadamente um grupo hostiliza uma pessoa ou grupo. Quando isto acontece, o dano psiquicosocial é enorme, podendo causar ansiedade, depressão, isolamento e até tentativas de suicídio.

2. Assédio sexual ou recebimento de imagens e textos, muitas vezes enviados por celular com imagens próprias ou de amigos, nus ou seminus, tornando-se um problema disciplinar.

3. “Depressão do Facebook”: é um fenômeno cada vez mais visto em jovens nos EUA, onde crianças e adolescentes com propensão à depressão acabam, com o uso das redes sociais, desenvolvendo quadros de depressão e abuso de drogas. Isto parece ocorrer pelo isolamento social, uma vez que o contato pessoal é muito importante para os adolescentes.

4. Perda da privacidade através da disponibilização de muitos dados pessoais, como fotos, endereços e rotinas, causando um risco grande de segurança. Muitos também apresentam opiniões radicais que podem acarretar prejuízos no futuro.

5. Influencia da propaganda e do risco de consumismo: muitos dos sites de relacionamentos e de jogos têm propagandas voltadas ao público infantil e jovem. Por isso, é interessante acompanhar os sites e saber o que é propagandeado.

Por ter todas estas possibilidades, os pais devem ficar atentos ao acesso dos filhos à internet. Pais que não se interessam ou acessam internet e redes sociais deveriam se informar e se capacitar para isto, tendo assim uma forma de saber o que o filho usa, olha e com quem faz contato. Isso não significa seguir o filho o tempo todo ou invadir a sua vida online: deve haver bom senso, bom humor e  atenção, não perseguição.

Meu filho, você não merece nada – parte 2

Ontem publicamos a primeira parte do artigo da jornalista Eliane Brum, no qual ela analisa a relação que vivem pais e filhos nos dias atuais. Sugerimos continuar a leitura hoje, pois muitas conclusões podem ser tiradas deste texto que, apesar de longo, é direto e sem meias-palavras.

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Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais prometeram. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer. (…)

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa. (…)

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas escolhas. Nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência. Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

Meu filho, você não merece nada – parte 1

A jornalista Eliane Brum faz uma análise sobre a atual relação entre pais e filhos, lembrando aos pais que a felicidade não é uma constante, que ninguém pode ser feliz o tempo todo e que é necessário aos filhos aprender a lidar com as adversidades. Como o texto é longo, vamos dividir o texto em duas parte, uma publicada hoje e a outra amanhã. Leia e tire suas conclusões!

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Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as

ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor. (…)

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes. Por que boa parte dessa nova geração é assim? (…) Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues, sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade. É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal.

Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

(continua amanhã)

Prepare-se para a chegada da primavera

Estamos em setembro. E hoje, dia 23, acaba o inverno e inicia a primavera. Até mesmo em nosso país continental e tropical, sempre há uma mudança climática entre as estações: em alguns estados chove mais, em outros realmente faz frio. São sensações que exigem mudanças na rotina da casa e até nos guarda-roupas.

Aproveite a chegada da primavera para fazer algumas coisas que colaborarão com o seu dia a dia. As dicas são de Thais Godinho, do blog Vida Organizada:

  • Troque as roupas no armário: guarde as de frio e dê espaço para as de calor. Não esconda todas as roupas mais quentes: deixe uma ou outra peça à mão, pois ainda pode fazer um pouco de frio. Este também é o momento de lavar cobertores e guardá-los limpinhos.
  • Aproveite e saia mais para passear ao ar livre! Passeie com o cachorro, faça um piquenique, leia um livro na praça, vá à praia, tire fotos das árvores, caminhe com seus filhos. Aproveite os dias mais longos!
  • Encarne a jardineira. Comece a trabalhar no jardim e garanta flores. Aproveite e monte aquela horta que você sempre quis ter. Para isso, vale mexer no chão, se você mora em casa, ou adequar a sacada do seu apartamento a vasinhos.
  • Faca uma atividade com as crianças para mostrá-las que outra estação está chegando. Que tal dar um passeio no zoológico, onde essa explicação educativa torna-se mais completa e divertida? Afinal, lá as crianças vêem plantas e animais.
  • Adicione ao seu cardápio da semana alimentos da época ou que lembrem dias mais quentes, como limonadas, saladas e frutas geladas.

E você? Conte para a gente como é a sua despedida do inverno!

Entendendo a diferença entre parar e desistir

Em algum momento da vida, certamente você já abandonou a academia, trocou de emprego ou deixou clientes de lado por não sentir mais alegria. Por isso, você pode ser chamada de desistente? Não necessariamente.

Parar e ser desistente são coisas diferentes. Quando você é desistente, você não pede nem ouvir o conselho de alguém. Você age com teimosia e segue tentando, tentando, sem rever planos e ideias, sem buscar outras maneiras; como as coisas não dão certo, desiste. Ou então não consegue enfrentar as mudanças e abandona o barco sem tentar de novo.

No mundo empresarial, muitos negócios fecham porque os donos não querem desistir do projeto, mas também não visualizam mudanças, como investir em novos mercados ou descontinuar um produto que não vende.

Mas que ligação esta conversa tem com a criação de filhos? Tudo!

Especialmente as mães são empreendedoras por natureza. Elas querem sempre fazer o melhor para seus pequenos e dificilmente desistem de algo. Normalmente, esta característica é positiva. Nós devemos fazer o nosso melhor para cumprir nossas responsabilidades: maternidade é uma dessas coisas. Entretanto, às vezes é preciso saber aplicar a arte da desistência.

E esta arte deve ser ensinada às crianças. Elas precisam aprender que nem sempre as coisas são como queremos e também que não somos obrigadas a fazer algo somente porque começamos. Se essa função ou missão afeta negativamente a sua saúde ou de sua família, é hora de repensar – e talvez parar!

Como saber quando parar

  • A atividade afeta negativamente a sua saúde?
  • Afeta negativamente seus relacionamentos?
  • Alguém pode fazer o trabalho melhor e com mais alegria?
  • Você está parando porque é difícil ou porque é melhor?

Resumindo, sempre visualize sua vida – e a de seus filhos – dentro ou fora de qualquer situação. Antes de iniciar uma atividade extra, determine quanto tempo você tem para se dedicar a ela. Planeje o seu ano. Cada oportunidade deve ser avaliada a partir do tempo disponível e o plano. Assim, você ficará longe do “sim” impulsivo e mais perto do “Não, obrigado, mas isso não se encaixa em meus objetivos ou na minha agenda para este ano”.

É importante transmitir este discernimento e equilíbrio para suas crianças. É uma lição que garantirá a elas um futuro com mais qualidade de vida e tempo para crescer, seja pessoal ou profissionalmente!

É importante acompanhar a rotina escolar das crianças

Ok, você escolheu a escolinha do seu filho. E agora? O que eles estão propondo e fazendo no dia a dia da sua criança é o ideal? Como saber se eles tão realmente colaborando com o desenvolvimento dos pequenos?

Bem, a primeira regra é clara: é preciso confiar na equipe de profissionais escolhida. Entretanto, confiar não significa deixar toda a responsabilidade educacional para eles. Você pode – e deve! – acompanhar o trabalho feito pela escola. Para isso, vamos passar algumas dicas para que você entenda se o trabalho da escola está adequado.

O que é trabalhado pela escola e como

  • Movimento – a escola estimula que as crianças andem, corram, pulem, etc.
  • Música – durante o dia, alguns momentos são dedicados ao canto, audição de melodias e brincadeiras com instrumentos.
  • Artes visuais – a criança é incentivada a desenhar, pintar, recortar, colorir, colar e modelar.
  • Linguagem oral – em rodas de conversa, as crianças têm uma ótima oportunidade para falar e serem ouvidas.
  • Linguagem escrita – a professora faz leituras e incentiva a percepção da relação dos sons com as letras, ou ainda incentiva a criatividade com desenhos.
  • Natureza – a criança terá contato com pequenos animais e plantas.
  • Sociedade – os assuntos tratados em aula normalmente envolvem as tradições culturais de sua comunidade ou do grupos sociais com que convivem.
  • Matemática – as atividades trabalharão contagens e relações espaciais (círculo, quadrado, dentro, fora…).

Lembre-se! Acompanhe a vida escolar do seu filho e incentive a continuidade do seu desenvolvimento em casa! Todos terão a ganhar com este esforço extra!