No dia 5 de junho, o caderno Equilíbrio da Folha de Sâo Paulo publicou uma super entrevista feita por Déborah de Paula Souza com o psicanalista Leopoldo Fulgêncio sobre a função materna atual, baseando-se na teoria de Donald Winnicott – psicanalista inglês que criou o conceito de “mãe suficientemente boa”.
Vamos compartilhar, hoje, os melhores trechos da entrevista, que destaca ensinamentos como a melhor forma de criar filhos saudáveis em um mundo em que a tecnologia substitui o contato humano e as famílias têm novas configurações, com separações e recasamentos.
A mãe suficientemente boa é…
“… aquela que, ao suprir as necessidades do filho, cria a possibilidade de ele ter fé na vida, nas pessoas. A função materna sempre foi cuidar. A matriz do amor é o cuidado, não ficar dizendo que ama e dando explicações sobre como as coisas devem ser.”
Medo de errar
“É melhor uma mãe que erre porque está empenhada em descobrir o seu jeito de fazer as coisas do que uma que acerte por causa de um manual. […] O melhor jeito de saber como agir não é com uma cartilha. A mãe deve ser incentivada a ficar em contato com seus filhos e a agir de acordo com seus próprios sentimentos.”
A tecnologia e as relações familiares
“O problema é a medida: quando a tecnologia se sobrepõe, ela mata as relações. Os pais podem usar recursos tecnológicos [como mensagem de celular] para falar com seus filhos, mas isso não substitui a presença.”
Os desafios das novas famílias
“Casais héteros ou homossexuais têm que lidar com as próprias ambiguidades para não passar os seus dilemas para os filhos. Seja qual for o problema a enfrentar, fingir que ele não existe não é a solução. Recomendo sempre a comunicação verdadeira.”
A presença e os jovens
“É preciso manter-se disponível para uma fase de intensas negociações -se vai ou não vai, a que horas sai, com quem etc. -, suportar brigas decorrentes disso e mostrar que, apesar delas, você continua ali. É normal que adolescentes se oponham aos pais. É uma questão de identidade.”