A jornalista Fernanda Gentil compartilhou em seu Facebook a dificuldade que está tendo em amamentar o filho Gabriel, de apenas 2 meses. Depois de muitas tentativas e sofrimento, Fernanda decidiu recorrer a mamadeira para alimentar o pequeno. Ela veio a público para dividir sua história com tantas outras mães que, como ela, sentem-se culpadas por não poderem amamentar seus filhos com o leite do peito.
A amamentação é um tema delicado já que no Brasil a cultura da amamentação se perdeu muito com o uso indiscriminado de fórmulas a partir das décadas de 70 e 80. Hoje em dia as mães estão mais cientes de que o leite materno é o melhor alimento para o bebê. Mas, e quando a mãe simplesmente não consegue amamentar o seu filho? Como fazer?
Primeiro de tudo é preciso acabar com a culpa, que acaba rodeando as mães que não conseguem amamentar. Segundo, é preciso afastar a ideia de que a criança já nasce sabendo mamar e de que o aleitamento materno é algo simples e que a mãe não enfrentará dificuldades no processo. Além disso, não se pode desconsiderar a falta de apoio de muitas maternidades que oferecem leite artificial para os bebês nos berçários. Tanto o bico da mamadeira quanto a chupeta confundem o recém-nascido e dificultam o sucesso da amamentação, mas mesmo assim são oferecidos em instituições de saúde pelo país afora.
A jornalista ofereceu a mamadeira ao seu filho e mostrou para as mães de todo o Brasil que isso não interfere em nada a relação que se cria nesse momento importante da vida da criança. Também é preciso esquecer a expressão “menos mãe”, que é muito propagada na internet em assuntos que envolvem parto, amamentação e maternidade. Nenhuma mulher será menos mãe se tiver seu filho através de uma cesárea ou ter que alimentar a criança através de mamadeira. Porém, a amamentação é rodeada de mitos que ainda vigoram no Brasil, país com baixas taxas de adesão à amamentação.
Vamos conhecer alguns deles:
– Amamentar é automático: Sim, a amamentação é um ato natural e fisiológico e não, automático. O corpo da mãe não é uma máquina. A relação pele com pele, entre a mãe e o bebê, podem ajudar nesse processo, por isso, logo depois que a criança nasce, ela deve ser colocada sem roupa no tórax da mãe. Esse momento vai favorecer o vínculo e o afeto entre mãe e filho. O bebê não nasce sabendo mamar, ele tem reflexos de sucção e de busca pelo peito materno, mas ele precisa de ajuda para aprender a pega correta (boca em formato de peixe abocanhando toda a aréola e não apenas o mamilo) e vai precisar sugar algumas vezes para também aprender que precisa parar para respirar. É natural, mas não é automático.
– O bico da mãe não é adequado: Vale lembrar que todos os tipos de bico de peito possibilitam a amamentação já que a criança abocanha a aréola e não o bico em si. O bebê ordenha a mama inteira da mãe e, com a consolidação da amamentação, o bico vai se formando com o passar do tempo. Algumas mães recorrem aos bicos de silicone, porém a opção pode prejudicar a amamentação.
– Prótese de silicone e cirurgia nas mamas impedem amamentação: As técnicas usadas hoje nas cirurgias de mama são sofisticadas e dificilmente podem prejudicar o ato do aleitamento materno. De qualquer modo, o seu médico pode solicitar exames e verificar a situação da mama para que qualquer impeditivo seja verificado.
– O leite secou: Apenas 1% das mulheres possuem hipogalactia materna, ou seja, produção de pouco leite. Nas dificuldades que porventura apareçam, a mulher precisa ser fortalecida da sua capacidade em alimentar o próprio filho e não escutar que “tem pouco leite” ou que “o bebê está com fome” e ainda que “ele vai dormir melhor se alimentado por leite artificial”.
– Mães adotivas não podem amamentar: Outro mito da amamentação. Mães adotivas podem sim amamentar seus filhos, já que a produção de leite é algo que não depende, necessariamente, da gestação. Existem técnicas e tratamentos que podem ajudar as mães que adotaram bebês recém-nascidos. Uma delas é o processo de translactação em que a mulher coloca uma sonda no peito e que está fixada com micropore próxima à região areolar e conectada a uma seringa, copo ou recipiente seguro. O bebê suga e, por essa sucção, ele começa a estimular a produção de leite da mãe adotiva.
– Dor na amamentação: Amamentar não dói, se está doendo, a mulher deve procurar ajuda de um profissional de saúde para ser orientada.
– Colostro não alimenta: O colostro é tudo que o bebê precisa nos primeiros dias de vida. Quando um bebê nasce, o estômago é do tamanho de uma cereja e a quantidade de colostro que sai é suficiente para alimentá-lo. Com o passar dos dias, o estômago aumenta e coincide com a apojadura (descida do leite) que acontece geralmente no terceiro ou quinto dia depois do nascimento, mas pode demorar um pouco mais.