Daniel Munhoz tem 6 anos. Mas a idade (nem sua condição) estão pesando no seu talento para criar divertidas canecas. Confira!
Ele nasceu saudável, se desenvolvendo normalmente. Mas quando completou 1 ano, seus pais Oneida Teixeira Munhoz, 36 anos, e o marido Caio Dias, 37, de Esteio, no Rio Grande do Sul, notaram que algo estava errado. “Ele parecia não ouvir, pois não atendia quando chamávamos ele pelo nome, também não mantinha contato com os olhos com qualquer pessoa que não fosse eu ou o pai. Ele ficava em seu próprio universo. Mas começamos a nos preocupar mesmo quando percebemos que, além de ele parecer não ouvir, também não falava”, lembra a mãe.
A descoberta
Então, os pais levaram Daniel a uma fonoaudióloga. “Na época, ela nos encaminhou para um neurologista que pediu um monte de exames. Todos os resultados foram bons. Ele não era surdo e, sim, autista. Daniel selecionava os sons que queria escutar”, conta.
“Desde então, ele vem evoluindo no tempo dele e com estímulos que podemos oferecer. Atualmente, ele olha nos olhos, embora ainda selecione as pessoas. Temos o lado das batalhas, claro. Dani também tem seletividade alimentar e são poucos os alimentos que aceita, mas estamos sempre acompanhando e fazendo exames clínicos. Ele conhece todo o alfabeto, os números, as cores e é capaz de escrever qualquer palavra que for soletrada para ele. Tem um pouco de sensibilidade a barulhos muito alto, então, usa um abafador em locais muito movimentados”, conta.
O amor pelos desenhos
Mas a grande paixão de Daniel são os desenhos. “Ele desenha em qualquer lugar: quadro negro, folha, tablet, na areia, na terra… O desenho o mantém concentrado”, afirma Oneida. “Quando vimos a arte dele no tablet, achamos os desenhos engraçados e diferentes. Tem um em particular que eu adoro, que é a Magali, da Turma da Mônica. Ele começou a desenhar os personagens do jeitinho dele, então, decidimos usar os desenhos em canecas para presentear parentes e todos adoraram. Logo depois, as pessoas começaram a fazer pedidos e começamos a vender algumas coisas”, lembra.
Até então, a venda de canecas não era o principal sustento da família, que mora de aluguel. No entanto, com a crise econômica gerada pela pandemia mundial de coronavírus, Caio, o pai de Daniel, que é músico, ficou sem trabalho. “Eu sou do lar, recebemos o benefício do Daniel, que é de um salário mínimo e agora, a venda das canecas nos ajuda nas despesas”, conta. “Vendemos pelo Whatsapp e redes sociais e agora pretendemos continuar, pois, nosso sonho é sair do aluguel”, completou.
Sobre a quarentena, a mãe conta que o filho “está bem e aproveitando o tempo para desenhar cada vez mais”. “Ele gosta muito de passear, ir a mercados, mas, desde que tudo começou, estamos em casa. Ele está no ensino fundamental de uma escola pública de ensino regular e ainda temos muitos desafios em relação à inclusão. Dani consegue frequentar e permanecer na aula desde que tenha um auxiliar de inclusão com ele, mas é difícil achar pessoas capacitadas. Ele e é incrível, inteligente, não tem muitos amigos, pois não sabe iniciar contato de forma tradicional e ‘chega chegando’, mas sempre cheio de sorrisos para quem ele sabe que tem o coração aberto”, finaliza.
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