No dicionário Michaelis da língua portuguesa, o vocábulo “tragédia” está descrito da seguinte forma: “acontecimento triste, funesto, catastrófico”. Um drama, no fim das contas.
E a familiaridade que pais e mães têm com os pequenos não nos deixa mentir: em muitas oportunidades, em virtude das tragédias, a curiosidade pode tomar conta e forma. É natural. Esta curiosidade, por sua vez, faz com que eles perguntem às vezes de maneira incessante sobre episódios como o massacre de Realengo, no Rio, que chocou o Brasil na última semana. Saber o que e como falar a eles é a base para uma melhor compreensão do mundo nada inocente que enfrentarão em um futuro não muito distante.
Faça uso de palavras e recursos que poderão auxiliar a descrever as sensações desagradáveis com as quais a criança irá se deparar ao longo da vida, tais como a tristeza, o medo, a perda, a angústia e a morte. Para os mais novos, cabe um diálogo rápido e sem muitos detalhes. Aos mais crescidos e questionadores, vale conversar e explicar um pouco mais, indagando-os sobre o que têm ouvido falar e suas percepções a respeito. Saber o que a criança sente é um ótimo recurso para você assimilar melhor a situação e poder conversar mais com ela.
Informações pesadas, violentas, podem chegar aos ouvidos dos pequenos de diversas formas, tanto pelos próprios coleguinhas, na escola, ou via exposição midiática, presença constante tanto em casa como na rua. É quase impossível, portanto, evitar que eles tenham contato com os problemas do seu cotidiano. Sendo assim, a dica número um é, feliz ou infelizmente, falar a verdade, explanando os acontecimentos, sempre de acordo com a maturidade da criança.
Seja uma catástrofe natural como a que ocorreu recentemente no Japão, um atentado terrorista, a morte de civis em uma guerra civil ou mesmo o massacre de Realengo, é importante que elas entendam o que acontece (ou aconteceu). No Japão, por exemplo, vários jornais – que já contam com seções infantis consagradas, até em virtude do índice de leitura ser altíssimo no país – explicam o terremoto e o tsunami devastadores de março de maneira especial aos pequenos.