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Precisamos falar sobre o luto

Essa semana tivemos as homenagens às pessoas que já se foram. O dia 02 de novembro é uma data de lembrança e de tristeza para muitas pessoas. Afinal, recordar entes queridos que não estão mais entre nós é sempre muito delicado e doloroso. E claro, com a criança não é diferente. A civilização ocidental trata a morte como um tabu e isso nem sempre é entendido pelos menores.

Para as crianças a perda e o sentimento de luto é ainda mais complexo e confuso já que eles não entendem bem o que é a morte e também não conseguem reconhecer os sentimentos que surgem nesses momentos. Pode acontecer de a criança oscilar entre sentimentos de confusão e tristeza, da agressividade para a culpa, tudo em questão de dias ou, até mesmo, horas.

Os pais têm papel fundamental nesse processo. A maneira com que eles responderão à tristeza da criança fará toda a diferença frente a superação do luto. Quando o adulto finge que não está triste ou chorando e fala para a criança que está tudo bem, quando na verdade está sofrendo com a perda, tende a deixar o pequeno ainda mais confuso. Quando o adulto nega algo que a criança sente no ambiente (ela percebe a tristeza, mesmo quando não está explícita).

A melhor maneira ainda de lidar com momentos como esses é a conversa sobre a perda da pessoa querida, explicar que todos estão tristes e deixar a criança à vontade para expressar suas emoções.

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Confira algumas dicas para ajudar a criança no processo de luto:

– É importante que outras pessoas do convívio da criança estejam cientes do falecimento do ente querido como amigos, professores, etc.

– Aos poucos retorne com a criança à sua rotina normal, como a escola, por exemplo. Converse com os professores e sinta as necessidades da criança. Converse com os profissionais da escola sobre o que pode ser feito para o acolhimento da criança.

– Mantenha a rotina da criança. Modificar o seu dia a dia vai causar ainda mais insegurança e medo no pequeno, além de aumentar as dificuldades em superar o luto.

– Tire um momento de seu dia para conversar sobre como a criança está lidando com essa perda. Peça para ela fazer um desenho, isso além de acalmar, facilita a elaboração do luto. Lembre-se que a vida continua e que você precisa transparecer isso para o seu filho.

– Atenção para as datas comemorativas. Natal, aniversário, Dia das Mães e dos Pais podem ser momentos mais delicados quando se perde uma pessoa querida. Converse com a criança sobre o que ela sente e pense em maneiras de passar a data da melhor maneira possível.

– Procure ler para a criança histórias que abordem o tema da morte de uma forma leve e tranquila. Isso ajudará no processo de luto. A leitura também pode ser um meio da criança expor seus sentimentos e conversar com o adulto sobre o luto.

Como abordar a morte com os pequenos

Poucas pessoas estão preparadas para enfrentar a morte. Se esse ciclo da vida já é complicado para nós adultos, imagine então para as crianças. Por isso, quando alguém da família, ou próximo à criança, morre, os pequenos precisam de todo o apoio e sinceridade nesse momento. Mas como agir, o que fazer e de que maneira lidar com a perda, como falar para os pequenos:

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A melhor idade: Não existe uma idade certa para tocar no assunto. O ideal é que se espere a necessidade, seja pelo falecimento de alguém conhecido ou a curiosidade do pequeno. Eduque seu filho através de exemplos práticos do ciclo da natureza. Semeie uma plantinha e vá mostrando como ela nasce, cresce, adoece e morre. Aquele feijãozinho plantado no algodão pode ser um ótimo aliado. Cantigas, livros infantis e filmes que tratam do assunto também ajudam.

Levar as crianças a velórios ou enterros: Não se pode forçar, mas elas se beneficiam de participar junto aos adultos deste ritual de passagem. Explique direitinho o que é aquele ritual e pergunte se ela quer ir. Mas não decida pela criança e deixe-a de fora. Esses momentos servem para que todos vivenciem melhor a despedida, inclusive os pequenos. E não se preocupe: os especialistas concordam que velórios e enterros não traumatizam as crianças.

Como contar que alguém conhecido morreu: Não esconda nada, muito menos invente histórias para poupar os pequenos. Frases como “ele dormiu para sempre”, “descansou” ou “fez uma longa viagem” só vão confundir a cabeça infantil. Crianças levam tudo ao pé da letra e podem achar que a vovó vai acordar ou que todo mundo que viaja nunca volta.

E se a pessoa for muito próxima? Se a morte for por doença, a criança deve estar a par de todo o processo. Explique que a pessoa está doente e que é grave, lembre do ciclo da vida da plantinha. Se a morte for inesperada, é preciso ser direta e sincera. Abra espaço para tirar todas as dúvidas que podem estar passando pela cabeça do pequeno. Não é necessário esconder as emoções, mas observe se sua atitude não está traumatizando as crianças.

Quando ela pergunta o que significa morrer, como explicar: Elabore seus próprios conceitos sobre a morte e sobre a possível continuidade da vida, porque só poderemos responder às crianças respeitando nossa própria verdade. Depois, explique que nem todos pensam como papai e mamãe. Dê as versões de outras religiões, inclusive do ateísmo.

E durante o luto: Demonstre que, como ela, você também está sofrendo e sente saudades. Deixe que a criança fale sobre seus sentimentos e, acima de tudo, dê apoio e acolhimento. Garanta que ela nunca estará sozinha e sempre haverá alguém para cuidar dela. Como acontece com os adultos, a memória afetiva nunca vai desaparecer. Mas, depois de certo tempo, acontece o chamado luto saudável, quando se percebe que é possível se lembrar do ente querido de forma leve e sem sofrimento.