É comum que na infância a criança desenvolva algum tipo de alergia a alimentos. Esse problema irá lhe acompanhar durante toda a vida e por isso é necessária a atenção dos pais.
A alergia alimentar é a denominação utilizada para as Reações Adversas à Alimentos que envolvem mecanismos imunológicos, resultando em uma variedade de sintomas. O mecanismo imunológico mais frequentemente encontrado é o que envolve a imunoglobulina (anticorpo) E (IgE), que se caracteriza por rápida instalação e manifestações clínicas como urticária, broncoespasmo e, às vezes, anafilaxia. Quando as reações imunológicas não forem mediadas por IgE, as manifestações clínicas são mais tardias (horas ou dias) e isso dificulta o diagnóstico. Podem existir alergias alimentares que envolvem ambos os mecanismos. Estudos têm demonstrado que 50% a 70% dos pacientes com alergia alimentar apresentam história familiar de atopia – que é uma predisposição genética para adquirir doenças alérgicas.
Estima-se que a prevalência da alergia alimentar na população geral seja de 4%, sendo que em adultos oscila entre 1,4% e 4,0%, e em crianças menores de 3 anos atinja 6%. Cerca de 35% das crianças com dermatite atópica moderada a grave adquirem alergia alimentar e de 6% a 8% das crianças asmáticas podem apresentar crises induzidas por alimentos.
Estudos científicos têm demonstrado que 80% a 90% das reações alérgicas por alimentos acontecem provocadas por oito alimentos: leite de vaca, ovo, trigo, soja, amendoim, castanhas (nozes, amêndoas, pistache, avelã), peixes e frutos do mar.
O leite de vaca é a principal causa de alergia alimentar entre lactentes, seguido pela proteína de soja, que afeta até 0,80% dos lactentes no primeiro ano de vida. Os lactentes que recebem leite materno exclusivo podem apresentar sintomas iguais aos lactentes que ingerem leite de vaca, devido à passagem do leite de vaca consumido pela mãe para o bebe.
De maneira geral, as alergias alimentares a leite de vaca, ovo, trigo e soja desaparecem durante a infância, enquanto as reações à amendoim, nozes e frutos do mar costumam ser mais duradoras, podendo permanecer a vida inteira. De acordo com estudos recentes, 25% das crianças com alergia à proteína do leite de vaca mantém sensibilidade após os 5 anos de idade.
Não há nenhuma evidencia científica de que seja possível evitar a alergia alimentar do bebê a partir de alguma dieta de restrição da mãe, caso ela esteja amamentando. Contudo, o retardo na introdução de alimentos sólidos após quatro a seis meses de vida na alimentação do lactente parece ser favorável na prevenção de alergia alimentar.