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Silêncio na casa: as crianças estão crescendo mas será que as mães conseguem aproveitar?

Em uma recente coluna na revista Época, Isabel Clemente compartilhou a história de um dos seus momentos de silêncio em casa enquanto as duas filhas pequenas estão ocupadas brincando:

Não ouço as meninas. Estranho. O que estarão fazendo? Retomei a leitura. Parei sem concentração. Elas crescem, interagem e instantes como este, em que fico só com meus pensamentos, começam a acontecer com mais frequência. Mesmo raros, brindam certas tardes preguiçosas, quem diria. Não temos compromissos, hora, obrigações, nada. Estico os lábios num sorriso tímido de satisfação. Olho de novo pela janela. Os passarinhos continuam cantando. Devem estar felizes como eu. Leio. Minha mente foge, encantada com a harmonia e a quietude das crianças. Quando tudo é paz, a mente agita. Shhhhh. Tento em vão acalmá-la. Mas que estarão fazendo as crianças?”

A autora-mãe retrata um dilema comum que muitos pais enfrentam à medida que as crianças vão crescendo e se tornando menos dependentes deles. Em época de Dia das Crianças, quando muitos se questionam sobre qual a idade em que a infância termina, é válido esse tipo de reflexão sobre o crescimento e sobre como os pais lidam com isso.

Woman Sitting with Tea Cup

Saber relaxar e se desprender dos filhos é essencial, mas não é fácil depois de anos em que qualquer intervalo de respirações vira motivo de preocupação. Isabel Clemente então conclui:

“Desprender-se da rotina alegre, barulhenta e estafante em torno dos filhos é como um mergulho em profundidade. Não se pode começar a aventura já pensando em emergir. Nem se deve afundar sem um certo preparo. É útil saber o que se vai encontrar lá embaixo. Levamos um tempo para nos acostumar ao silêncio dos peixes, à falta de algazarra no fundo do mar, onde a luz do sol chega fraca. Da mesma forma, deveríamos retornar aos poucos à tona, esperando o corpo se acostumar com a expansão das demandas que, como o oxigênio sob pressão, estavam temporariamente comprimidas durante o mergulho na solidão inesperada. Mergulhar rápido demais nessa paz ou dela sair de supetão provoca uma espécie de embolia nas ideias. Obstrui nossa capacidade de aproveitar. Dá tilt. Vai entender.”

Confira a coluna completa aqui.

Imagem via healthspablog