A fala que abre esse post é do pesquisador da cultura de infância Gandhy Piorski. Segundo o maranhense, a imaginação é o que constrói a psique da criança, e pode atrofiar e causar danos como adultização precoce caso não seja estimulada já na primeira infância.
Sendo a imaginação tão necessária, Piorski destaca a importância do “nada” para o desenvolvimento dos pequenos: ele é o chão do todo, pois é rico de possibilidades e permite que a criança encontre em si mesma a extensão do mundo. Porém, ele lembra que os pais devem permitir esse “nada” às crianças ao mesmo tempo em que se fazem presentes e ativos nesse espaço aparentemente vazio. Afinal, é “a presença do pai, da mãe, do educador que assegura a confiança, o acolhimento da descoberta, o encontro dessas novas possibilidades, a investigação que a criança naturalmente quer exercer”.
Como já comentamos em outro post, o excesso de atividades e de informação escolar, de deveres a cumprir no dia a dia pensando que a criança precisará ser bem-sucedida num tempo futuro e distante, não faz bem para o desenvolvimento delas.
“Inserimos nossas crianças num fluxo vertiginoso de modelamento social, para num futuro serem vitoriosas na geração de produtos e consumo”, afirma o pesquisador, reforçando que com isso reprimimos o que os pequenos têm de mais valioso no humano: a capacidade de imaginar, que é de onde brota a verdadeira inteligência, é o lugar onde se adubam os valores e se constrói a ética.
O excesso de estímulos
Outro ponto destacado por Gandhy é o excesso de estímulos, que também pode prejudicar o desenvolvimento da imaginação. Ele enfatiza que este é um drama civilizacional, que faz parte da forma como a humanidade escolheu viver.
Assim, ele lembra que “as crianças têm pouca escolha, pois estão à mercê dos desejos dos pais, da época em que vivem”, mas saliente que a responsabilidade de escolha é dos adultos – e não das crianças. Quando os pais mudam a forma como encaram a vida, eles podem criar melhores condições para seus filhos. E isso inclui rever modos de trabalho, o conceito de tempo, entendimentos sobre o que realmente é aprendizado, senso de vida comunitária, e tantas outras revisões que podemos fazer para viver em um mundo melhor.
Fonte: Site Lunetas