Uma pesquisa apresentada no início do mês na Conferência e Exibição Nacional da American Academy of Pediatrics 2018, em Orlando, revela um dado preocupante: mesmo os pequenos, que parecem ter uma disposição interminável, não estão cumprindo com a recomendação mínima de exercícios semanais.
Os pesquisadores analisaram o nível de atividade física de aproximadamente 8 mil crianças e adolescentes de 5 a 18 anos, atendidos em ambulatórios de medicina esportiva pediátrica, por um período de três anos. Os resultados revelam que 49,6% praticam, sim, atividades físicas, mas abaixo do recomendado, que é de 60 minutos por dia ou 420 minutos por semana.
Apenas 5,2% disseram atingir as metas diárias de atividade física. No entanto, a maioria está se exercitando por mais tempo e por menos dias, correndo o risco de lesão repetitiva. 5% afirmaram não praticar nenhum tipo de exercício.
“O exercício deve ser usado como um sinal vital de saúde”, disse Julie Young, assistente de pesquisa na Divisão de Medicina Esportiva Pediátrica do Hospital Infantil Nationwide. “Existem inúmeras vantagens da atividade física. Fazer essas perguntas pode abrir a porta para os médicos terem conversas importantes com as famílias sobre como garantir que as crianças obtenham esses benefícios”, explicou.
O estudo revelou ainda outros detalhes. Por exemplo, os meninos praticam, em média, 61 minutos a mais de atividade física por semana do que as meninas. Eles também se mostraram 39% mais propensos a cumprirem as atuais diretrizes de atividade física de 420 minutos por semana.
Os pesquisadores observaram também que a frequência da atividade física aumenta com a idade, portanto, quanto mais nova a criança, menos exercícios ela pratica. No estanto, segundo os cientistas, exercitar-se na primeira infância é vital para desenvolver habilidades motoras e alfabetização física, o que pode afetar os comportamentos relacionados à atividade física ao longo da vida.
“As oportunidades de praticar atividade física estão encolhendo – há menos brincadeiras livres e a educação física nas escolas diminuiu”, diz Amy Valasek, médica do Hospital Infantil Nationwide Sports Medicine e professor assistente no departamento de pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Ohio. “Mas fazendo perguntas simples sobre a atividade diária, os médicos podem aconselhar e fornecer uma prescrição de exercícios saudáveis”, conclui.
Se o seu filho faz parte do grupo dos não adeptos das atividades físicas, o pediatra Durval Daniel Filho do Hospital Israelita Albert Einstein (SP), dá a dica: “A iniciação esportiva deve ser apresentada à criança não como uma obrigação, mas como algo prazeroso e divertido. Na outra ponta do processo, é interessante que os pais limitem o tempo dos jogos eletrônicos e a televisão para, no máximo, duas horas diárias, dividida entre os períodos de manhã, tarde e noite. Na rotina da criança, é preciso que sobre tempo para ela brincar ao ar livre, correr, jogar bola, práticas insubstituíveis na infância”.