É inegável que as instituições de ensino têm, como responsabilidade primordial, a formação intelectual dos indivíduos, a partir da socialização do conhecimento adquirido e acumulado ao longo dos anos pela humanidade, em campos do saber como matemática, física, história, geografia, biologia, línguas etc.
Esse processo é fundamental para que os jovens se sintam preparados para, no futuro, serem capazes de realizar seus sonhos e projetos de vida.
No entanto, a escola faz parte do cotidiano, de maneira intensa e central, durante quase todo o período de crescimento e amadurecimento de crianças e adolescentes.
Dessa forma, é importante observarmos que à escola não cabe apenas o ensino, como cabe também a educação – processo que deve ser feito em conjunto com a família.
Por isso, é tão importante quanto necessário discutir e trabalhar temas relevantes ao mundo, ao país e à comunidade, que circulam e transpassam a vida dos jovens com urgência e intensidade, como o bullying, o preconceito, a política e o meio ambiente.
Essa formação cidadã garante indivíduos funcionais e conscientes, bem como permite uma compreensão dos conteúdos trabalhados na escola, auxiliando o aluno a se encaixar e viver melhor em sociedade.
Porém, às vezes, é necessário abordar temas polêmicos em sala de aula, o que pode causar certo desconforto nos educadores, especialmente porque a tarefa demanda lidar com tabus sociais e conflitos enraizados na nossa sociedade.
Essa diversidade de assuntos envolve desde religião, política e identidade de gênero a temas como preconceito, violência e uso de drogas. Todos são previstos, inclusive, pelos Parâmetros Curriculares Nacionais e definidos como temas transversais, essenciais para a construção de senso crítico, assim como para formação de cidadãos.
Saber como conduzir os debates de forma saudável e enriquecedora é um grande desafio. É importante que fique claro aos jovens que todas essas questões fazem parte do mundo, demandando conhecimento e reflexão para se tornarem cada vez menos polêmicas.
Ciente sobre esse papel da escola na sociedade e na vida das pessoas não ser uma tarefa simples, a Xalingo selecionou algumas dicas pedagógicas que podem auxiliar no momento de trabalhar tais temas em sala de aula. Confira:
Mostrar que respeito vem acima de tudo
Respeito é o primeiro ponto fundamental em que se deve pautar toda e qualquer discussão sobre temas polêmicos. Aos professores, cabe a tarefa de ensinar que as diferenças de escolha e opinião precisam ser bem aceitas. A única forma de fazer isso, efetivamente, é demonstrando que não existem verdades absolutas e que todos os pontos de vista precisam ser considerados.
Vale a pena utilizar a literatura no processo
Aborde esses assuntos como uma ótima opção para encorajar o contato com os temas e para estimular os debates de maneira mais saudável e natural. Os livros e seus enredos sempre podem servir como ponto de partida para os estudantes entenderem a presença dos tópicos em seu contexto e na sua realidade, adiantando as reflexões e abrindo espaço para os educadores iniciarem as discussões em sala de aula.
Relacionar os temas com o conteúdo das disciplinas é sempre interessante
Relacionar temas polêmicos aos conteúdos ofertados pelas disciplinas é outro excelente caminho para as discussões se tornarem mais naturais. Matérias como história, geografia e biologia, por exemplo, apresentam excelentes ganchos. Mas é importante que as abordagens mostrem que os assuntos fazem parte da vida, da rotina e do dia a dia das pessoas, e que, por isso, é essencial discuti-los para a formação dos jovens.
Estimular o debate garante a contribuição de todos
Como já sabemos, verdades absolutas não são bem-vindas e não são uma boa maneira de conduzir discussões sobre assuntos polêmicos. Por isso, o ideal é que o professor estimule o debate, os questionamentos e a manifestação das opiniões dos alunos sobre cada um dos tópicos apresentados, visando criar um ambiente no qual todo estudante se sinta confortável para se expressar e contribuir.
Incentivar a participação dos pais e responsáveis é muito valioso
Muitos dos temas listados neste texto podem significar grandes tabus, especialmente pela grande dificuldade e rejeição que os pais e responsáveis têm de abordá-los com seus filhos. Essa barreira pode ser extremamente prejudicial e precisa ser rompida para o debate e a reflexão se tornarem mais leves e naturais. Além disso, a tarefa da formação dos jovens não se deve restringir apenas à escola.
Acrescentamos ainda que é necessário que os professores sejam capazes de oferecer aos alunos atividades que fomentem respeito mútuo, justiça, diálogo e solidariedade, através de tarefas e projetos que estimulem interações sociais, trocas e a empatia.
O mais importante é que as instituições de ensino preparem seus estudantes para se posicionar em relação aos temas abordados, para defender pontos de vista fundamentados em argumentos e informações, reconhecendo que opiniões diferentes fazem parte da vida e precisam ser sempre respeitadas.
Enfim, para formar cidadãos é preciso discutir e promover o pensamento, além da autonomia dos jovens. Assim, é possível não só prepará-los para o mercado de trabalho com força e determinação, mas também contribuir para um mundo melhor.
Fontes:
http://eduxe.com.br/blog/2018/10/10/como-tratar-temas-polemicos-em-sala-de-aula/
http://eduxe.com.br/blog/2018/09/04/a-importancia-dos-temas-transversais-na-educacao/